Revista LiteraLivre 13ª edição | Page 26

LiteraLivre Vl. 3 - nº 13 – Jan/Fev. de 2019 Almas gêmeas Lucas Vilela Belo Horizonte/MG Hoje a nossa história talvez termine de uma forma meramente trágica. Há dez anos atrás, quando nos conhecemos, sem ainda imaginar que a vida já havia traçado decididamente nossa história, perdidamente nós nos apaixonamos. Na época em questão, a sensação era que de tínhamos sido feitos um para o ou- tro: a maneira como nossos olhos se encontravam eventualmente; como nossas mãos se encaixavam com perfeição ao se procurarem; a maneira como nossos lá- bios se descobriam a cada beijo apaixonado. Lembro-me bem de cada detalhe, vivendo pela sensação de que nossa história esteja escrita em meu coração; posso reconta-la milhões de vezes sem deixar nenhum detalhe passar despercebido, ainda que talvez durante este ato, meus olhos se carreguem de lágrimas e a minha voz se torna suficientemente embar- gada para ser ouvida. Os detalhes; o íntimo; os pretextos; as conversas aleatóri- as; os gestos de carinho, nada disso eu poderia me esquecer, nem se eu quisesse já que eles vivem em mim; fazem parte da minha história e por certo perpetua- ram comigo durante toda a minha existência. Naquele noite, quando nos vimos a primeira vez, eu já conhecia sua voz, doce e suave ao mesmo tempo; acompanhada de uma risada encantadora. Seu sorriso que de certa forma se tornara impresso na minha mente, de maneira que mesmo ao passar de todos estes anos, me ilumina e transcende sobre minha vida. Nos momentos de dor ou dúvida procuro me perder neles e ali que eu encontro mi- nha redenção. Lembro da camisa preta, a estampa de helicóptero, o cabelo leve- mente penteado para o lado. Enquanto eu me preparava para lhe encontrar, meu coração irrompia contra o peito, era como um presságio; por dentro meu coração dizia: você vai se apaixonar. Desde o primeiro momento em que te vi, ali na minha frente, sorrindo, vindo ao meu encontro - talvez tomado de ansiedade, assim como eu - tive a breve certe- za de que mesmo que minha permanência na sua vida fosse breve, algo dizia que nosso laço era eterno e uma simples separação física não seria suficiente para desfazer do amor que viria a surgir entre nós dois. No momento em que te abracei pela primeira vez, senti um corrente de energia percorrer todo o meu corpo. Nesta ocasião a minha voz falhou, meu coração se debatia descompassadamente dentro de mim, insistindo para que eu fosse em 22