LiteraLivre Vl. 3 - nº 13 – Jan/Fev. de 2019
única companhia. Ele resmungou algo, mas sem dar muita confiança, pois estava
entretido com seu jogo no computador.
Olhei ao redor e nada vi. Cheirei alguns objetos que estava manipulando e
não identifiquei de onde vinha o cheiro. Deixei para lá, passados alguns
minutinhos, eu envolvida na minha tarefa, senti novamente o cheiro do
asqueroso inseto entrando pelas minhas narinas. Dessa vez, chamei o meu filho
que, à época, tinha seus 12 anos e tinha uma visão muito melhor do que a
minha, já que sou míope. O chamei principalmente no intuito de corroborar de
que realmente não tinha nenhuma barata por perto, pois aquilo já estava
começando a incomodar... Ele pacientemente veio dar-me o seu “suporte”,
olhando comigo os objetos, atrás das duas portas da cozinha, debaixo da
geladeira... nada, nada... Chegamos à conclusão de que nada havia. Era apenas
impressão minha...
Mas que nada! Pasmem, senhoras e senhores! Se era uma barata
kafkaniana, eu não sei dizer, só sei que a dita cuja [prefiro usar este termo, como
já perceberam, pois, assim, não tenho que nominar a asquerosa] estava muito
mais perto do que imaginam! [Novamente arrepios e nojo só de pensar no
ocorrido!] Senti, então, algo próximo à minha nuca e, obviamente, passei a mão
para ver o que era. Passei a mão pelo cabelo e fui descendo-a, logo senti algo
que preferi nem pegar ou olhar o que era, apenas bati a minha mão na intenção
de que, o que quer que fosse, saísse de cima de mim. Vi, então, a responsável
pela minha aflição: aquela enorme barata do tipo voadora caindo ao chão.
Contando assim parece que “tudo bem... tudo tranquilo...”, era só matá-la
e, pronto, estaria resolvida a situação! Seria essa sua reação, caro leitor, diante
de tal ocorrido? É provável que a resposta seja NÃO [assim, em maiúsculas
mesmo] para muitos que chegaram até aqui na leitura. A cena real foi um tanto
mais tensa e, ao mesmo tempo, frenética, talvez, dramática.
Vamos à descrição mais detalhada dos fatos: enquanto passava a mão pelo
cabelo – e caía na real de que a barata havia estado nas minhas costas e,
naquele momento, estava no meu cabelo, o que era para mim extremamente
repugnante – eu gritava desesperada; a dita cuja caía ao chão, e eu esperneava,
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