LiteraLivre Vl. 3 - nº 13 – Jan/Fev. de 2019
fazerem: arrastar algum móvel, trocar algum vaso de lugar, limpar ou arrumar
uma gaveta e por aí vai... Estas tarefas domésticas costumam me distrair, afastar
a solidão e os maus pensamentos. Até aí, o início da noite estava tranquilo. A
casa já limpa, cheirosa e com as janelas abertas para arejar, pois o calor na
cidade em que morava era intenso. Eu e meu filho em casa. Ele, terminada a
semana escolar, estava se distraindo com algum tipo de jogo no computador em
nosso escritório. Eu, ainda fechando o dia da faxina/organização, me empreendi
na tarefa de decorar uma pequena estante de metal. Dessas usadas em
escritórios e bibliotecas, mas estava dando a ela outra função, como costumam
incentivar os decoradores nos programas de televisão. Havia, no início do dia, a
pintado de branco e, agora, já seca, dava a ela um novo detalhe colando rendas
em suas bordas. Atenta à minha tarefa, estava eu na cozinha, pois era ali que ela
seria utilizada. Coloquei-a numa parede entre a porta dos fundos e a outra que
dava para a copa (ambas abertas). Nossa copa era ligada à sala de estar e as
demais portas da casa saiam nela.
Um detalhe importante é que a nossa casa se localizava numa esquina da
rua e, nessa esquina, havia uma “boca de lobo”. Com o calor da região em que
morávamos, não era incomum vermos o dito inseto na calçada de nossa casa, na
garagem ou mesmo no paredão que dividia a nossa casa com a de nosso vizinho.
Este paredão ficava ao fundo da casa, de frente para a janela e porta da cozinha.
Às vezes, elas empreendiam em voos rasantes e entravam pela janela casa
afora, e o chilique e o corre-corre eram certeiros! Não havia dedetização que
exterminasse de vez tal abominável criatura! [Enquanto escrevo sinto algo no pé,
já imaginaram o que passou pela minha cabeça, não é mesmo? Arrepios,
arrepios... mas tenho que terminar a história...].
Pois bem, estava eu distraída e feliz ajeitando a estante, colocando a
rendinha e experimentando objetos em cima para ver qual combinaria melhor
com a nossa cozinha, de repente, senti um cheiro característico de barata no ar.
Parece praga, mas quem tem medo (ou asco ou pavor) de baratas sente de longe
o cheiro dessas ditas cujas. Comentei, então, com o meu filho que me era a
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