LiteraLivre Vl. 3 - nº 13 – Jan/Fev. de 2019
que escondia dentro do sutiã, onde se lia: “Pensão da Genoveva”. Atendeu-a uma
negra gorda que a examinara de cima a baixo, com olhares de aprovação.
Forneceu-lhe a cópia da chave do quarto, e disse-lhe que tomasse um banho e se
arrumasse para a noite, pois iria ter muitos clientes, a novata do pedaço.
Naquela noite, seu primeiro parceiro fora o Múcio, o caminhoneiro, que
frequentava a casa, e que, ao vê-la, chorou. Resolveu tirá-la dali, e montou um
barracão na periferia da grande cidade, São Paulo, onde viveriam juntos.
O que ela não sabia era que ele já havia se casado, tinha filhos e tomava
cachaça toda noitinha na pensão da Genoveva. Decidira, entretanto, não contar
nada para ela. Um belo dia, ela se transformou em um britador e engoliu o
Múcio, após uma noite de amor, triturando-o como se fazia ao minério de ferro
em sua cidade natal. Depois, se auto-consumiu, engolindo a si mesma, não
deixando vestígios nem poeira, apenas uma fotografia na parede do barracão
onde, juntos, sorriam uma alegria autêntica...
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