Revista LiteraLivre 12ª edição | Page 93

LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018 À noite, eu preparava o jantar quando ele chegou. Veio, me beijou, e entrou para os quartos. Ouvi um grito horrível, corri para lá e ele estava na porta do quarto pálido, apontando a mesinha onde antes estavam os carrinhos, e tremia e gaguejava: ─ Onde eles estão? ─ Caramba, Hugo, você quase me mata de susto. Estão ali, na gaveta do móvel, ─ Nunca mais me tire eles do lugar. Fiquei perplexa. Que coisa mais idiota, mas, em fim, não custava atendê-lo. O tempo passava, eu não conseguia engravidar, mas a expectativa de Hugo era grande, sempre pensando em nosso filho que um dia viria. Logo aquilo foi se tornando um hábito, passou a consultar sobre o assunto na Internet, foi se informando sobre modelos mais raros e como consegui-los. Adquiria-os em sites especializados, de colecionadores. ─ Este o Huguinho vai adorar. E assim continuou. ─ Doutor, esta é a nossa história, estou muito preocupada com ele, por isto o procurei. ─ Imagine, a senhora não deve se preocupar. Ele está fazendo isto pensando no filho de vocês, que um dia virá. Eu mesmo também tenho vários “Hot wheels”. ─ O Senhor também tem 6.000 deles? 87