LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018
No fim de semana seguinte voltamos àquela feirinha, mercadinho de
pulgas, cheio de coisinhas bonitas e pechinchas. Almoçamos por lá mesmo,
comida de rua: sanduíches de pernil. Adorávamos e eram muito bem feitos.
Passamos naquela barraquinha onde ele havia comprado o carrinho.
Ele quis parar lá e começou a fuçar no meio das peças espalhadas pela
toalha que cobria aquela mesa de armar, sem nenhum esmero.
Seu olhar foi atraído pela cor de outro carrinho. Desta vez uma pequena
Kombi. Uma miniatura perfeita, naquelas cores, vinho e bege, idênticas aos
originais. Ele me explicou que todos estes carrinhos eram feitos na escala de
1:64, ou seja, cada centímetro no carrinho representava 64 centímetros no
original. Nunca fui muito interessada por matemática, muito menos por carros,
mas como ele ficou feliz. Comprou logo, pensando no amanhã.
Eu chegava a ficar emocionada com a atenção que ele dava a nosso futuro
filho. Imaginei como seria vê-lo brincando de carrinhos com nosso garoto. Ficava
arrepiada e com os olhos umedecidos.
Ao chegarmos em casa já o colocou ao lado do Mustang, ambos em cima
de uma mesinha no quarto que seria do bebe.
Ficamos parados olhando e sonhando. Podia ouvi-lo raspando os carrinhos
sobre a mesa.
No dia seguinte ele chegou eufórico com um pacotinho nas mãos.
─ Querida, você não acreditará, estava passando pelo centro quando dei
com uma loja de artigos para hobbies, e você não imagina a variedade de coisas
que eles têm. Só de “hot wheels” têm uns vinte tipos diferentes. Não aguentei e
comprei mais dois para nosso filho.
Como ele estava alegre, dava para sentir a expectativa dele pelo filho.
Desembrulhou os carrinhos e passou o resto da noite arrumando junto aos
outros dois. Mudava um para um lado, outro para trás, arranjava-os e tornava a
rearranjá-los.
No dia seguinte, quando ele saiu para o trabalho, achei melhor guardá-los
numa gaveta, para evitar o pó e não correr o risco de caírem e quebrarem.
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