Revista LiteraLivre 12ª edição | Page 57

LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018 O ponto em discussão logo se virou para o assunto da identidade e individualida- de dos robôs e, depois de meses de projetos de lei, julgamentos e votações, em nome do fim do monopólio dos Robôs-Placa, foi decidido que eles teriam que obedecer as mes- mas normas que os humanos. O que um número surpreendentemente baixo dos políti- cos envolvidos no processo havia notado, em sua sede por apenas manter o apoio dos que lhes garantiriam mais dinheiro e votos, era que a lei efetivamente abria brechas para que toda a legislação pertinente a seres humanos fosse aplicada para as inteligênci- as artificiais. As grandes manifestações e brigas judiciais que a história conta sobre a liberda- de e os direitos plenos dos robôs acontecerem somente depois disso. Nenhum deles gos- ta de admitir, mas a liberdade que tanto comemoraram é fruto simplesmente de uma discussão de legislação trabalhista derivada de uma prática publicitária duvidosa. As inteligências artificiais ainda são incapazes de perceber sabores da maneira que os seres humanos o fazem, mas pergunte a qualquer uma e ela lhe confirmará que essa história deixa um gosto amargo em suas bocas. 51