LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018
O ponto em discussão logo se virou para o assunto da identidade e individualida-
de dos robôs e, depois de meses de projetos de lei, julgamentos e votações, em nome
do fim do monopólio dos Robôs-Placa, foi decidido que eles teriam que obedecer as mes-
mas normas que os humanos. O que um número surpreendentemente baixo dos políti-
cos envolvidos no processo havia notado, em sua sede por apenas manter o apoio dos
que lhes garantiriam mais dinheiro e votos, era que a lei efetivamente abria brechas
para que toda a legislação pertinente a seres humanos fosse aplicada para as inteligênci-
as artificiais.
As grandes manifestações e brigas judiciais que a história conta sobre a liberda-
de e os direitos plenos dos robôs acontecerem somente depois disso. Nenhum deles gos-
ta de admitir, mas a liberdade que tanto comemoraram é fruto simplesmente de uma
discussão de legislação trabalhista derivada de uma prática publicitária duvidosa.
As inteligências artificiais ainda são incapazes de perceber sabores da maneira
que os seres humanos o fazem, mas pergunte a qualquer uma e ela lhe confirmará que
essa história deixa um gosto amargo em suas bocas.
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