LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018
Assim foi por toda a viagem, cocorocó pra cá e cocorocó pá lá!!! Todos riam
curiosos sem entender direito o que se passava. Somente eu, tinha a plena
certeza da nossa estranha companheira de bordo porque via a movimentação da
bolsa e a agonia da pobrezinha presa e sem ar.
Chegando ao lugarejo de descida ele gritou:
– Vou “apear” no Retiro Formoso motorista, pare a perua!!!
Calmamente o motorista, já acostumado a transportar esse tipo de
passageiro, sinalizou e encostou o ônibus esperando que ele descesse.
Ele tomou a bolsa apressado e ao levantar a galinha começou a se debater
e a cacarejar vigorosamente, assustada pelo que lhe acontecia. O motorista
então, olhou fixamente no passageiro e disse com autoridade:
– O senhor sabe que é proibido transportar animais em coletivos?
Ao que o passageiro prontamente respondeu:
– Ó Sô Motorista, em pirua eu sei, mas nesse tar de coletivo, o sinhô me
ixprica o que é??? Acontece que amanhã é dumingo, é Dia das Mães e eu tô
levano a pintada, sabe, uma carijó inté de istimação p´ra
armoçá côa minha
mãezinha, já tão veinha!!!. É o presente que guardei prela de uma ninhada de
doze!!! A coitada tá cum as hora contadinha, isperano a farofa qui inté deve tá
pronta. Se o sinhô quisé pode ir armoçá coagente!
O motorista disfarçou o riso e disse bem-humorado:
– Dê um abração na sua mãe e da próxima vez vê se arranja um outro
presente menos complicado! Essa minha vida de motorista!!!
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