Revista LiteraLivre 12ª edição | Page 52

LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018 Companheira de Bordo Amélia Luz Pirapetinga/MG Cá pelas bandas de Minas tomei o ônibus para uma pequena viagem rumo a uma cidade próxima e mais desenvolvida. Tranquilamente cochilei! Olhei a paisagem verdejante nessa época do ano, com seus matizes perfeitos. As serras arroxeadas, as campinas, os montes arredondados polvilhados de gado branco para engorda. Cheguei a um pequeno lugarejo onde o ônibus faz parada e “apeiam” e sobem passageiros. Esperei alguns minutos, motorista conferindo as passagens até que um homem de meia idade entrou com uma bolsa preta na mão. Vestia um uniforme de brim azul-escuro com um boné na cabeça. Nas costas da camisa trazia um número de telefone pintado artesanalmente em pincel com tinta branca e um nome, “Zé do Taco”. Ajeitou-se cuidadosamente, colocou a bolsa na poltrona da janela e sentou na do corredor, a meu lado. Estando tudo em ordem o motorista deu a ignição e partimos. Há alguns quilômetros rodados, a bolsa preta começou a se mexer como se lá de dentro tivesse um fantasma que quisesse sair. O passageiro a meu lado ficou espantado tentando controlar o inesperado. Foi então que, de dentro da bolsa um som estranho nos surpreendeu: – Cocorocooóó!!! Cocó... Có... Có... Cororocó!!! O dono da bolsa começou então, inteligentemente a imitar a galinha que transportava, para disfarçar e enganar o motorista e demais passageiros, pois como todos sabem transportar animais em coletivos é proibido por Lei. Quando a galinha começava a cantar, com expressão de comediante, ele imediatamente começava a imitá-la dando a impressão de que o cacarejar vinha da sua boca, por piada ou brincadeira. 46