LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018
Como Sempre
Will Csi
Itapororoca/PB
Todos chegaram e se posicionaram segundo as regras. O Conde sentou-se na
ponta, como sempre. A Baronesa com o Duque de Salema nas laterais, como
sempre. A Viúva se pôs na outra ponta a chorar, e morreu. Augusto a bater o
nariz com Anabela, como sempre. E Vovó Fada reunida por entre os jovens, como
às vezes.
Que comece o jogo! Ordenou a voz num silêncio alto aos ouvidos de todos.
Um cavalo emborcou primeiro, como sempre. Os peões se revezaram nos
ataques, mas não duraram muito. Foi a vez de bispos e torres, seguidas por
ligeiros golpes da rainha.
O Conde insistia em unir forças com a Baronesa, mas ela só queria saber do
Duque. Logo Vovó Fada levou o recado ao casal de “As”, e eles a mandaram
preparar um bolo para quando ganhassem.
Vieram
mais
quedas
e
empurrões,
brigas
deveras
desnecessárias
e
as
mensagens... foram quase que completamente mal interpretadas.
O jogo se dividia, revezando também o equilíbrio, pois não pendia para lado
algum.
Mas por fim a cobiça venceu, e o casamento saiu quando o rei foi posto em
check. Anabela foi envolta em plástico filme e guardada com Augusto na
prateleira do Conde. De quando em quando Vovó Fada levava biscoitos para eles
ou contava uma história para que se aquietassem, mas não passava disso.
A Baronesa experimentava bijuterias diariamente para certificar-se de que estava
bem para o Duque, enquanto seguia sem remorso pelo que fez, e assim seguiria
no jogo vital.
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