Revista LiteraLivre 12ª edição | Page 48

LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018 Cartas que (ainda) te quero cartas William Eloi Natal/RN Para Vislei Gonçalves A crônica havia saído em uma edição do extinto O Poti.Eu estava ali, encerrado em um cubículo, dentro de um elevador que dava para o portão principal. Trabalhava na portaria de uma faculdade particular e – mesmo desarmado – tomava conta de todo um prédio, que ainda incluía computadores, laboratórios de todos os tipos e peças anatômicas orgânicas. Não havia expediente acadêmico aos sábados à noite, então aproveitava para ler todos os jornais que a faculdade possuía a assinatura, e que chegavam à portaria, já que eu estava só, e os cadáveres – as peças; permaneceriam submersas em seus tanques. Mudas. O nome da crônica era “Cartas que te quero cartas”, do jornalista Osair Vasconcelos. Nela, com certo saudosismo e desalento, o autor apontava o fim de um dos mais antigos modelos de românticos de comunicação, A Carta, com o surgimento do vírus Antraz (ou Anthrax), usado como arma biológica pelo Talibã. 42