LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018
Cartas que (ainda) te quero cartas
William Eloi
Natal/RN
Para Vislei Gonçalves
A crônica havia saído em uma edição do extinto O Poti.Eu estava ali,
encerrado em um cubículo, dentro de um elevador que dava para o portão
principal. Trabalhava na portaria de uma faculdade particular e – mesmo
desarmado – tomava conta de todo um prédio, que ainda incluía computadores,
laboratórios de todos os tipos e peças anatômicas orgânicas. Não havia
expediente acadêmico aos sábados à noite, então aproveitava para ler todos os
jornais que a faculdade possuía a assinatura, e que chegavam à portaria, já que
eu estava só, e os cadáveres – as peças; permaneceriam submersas em seus
tanques. Mudas.
O nome da crônica era “Cartas que te quero cartas”, do jornalista Osair
Vasconcelos. Nela, com certo saudosismo e desalento, o autor apontava o fim de
um dos mais antigos modelos de românticos de comunicação, A Carta, com o
surgimento do vírus Antraz (ou Anthrax), usado como arma biológica pelo Talibã.
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