Revista LiteraLivre 12ª edição | Page 40

LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018 você fez as três se suicidarem. Você apensa confessou o crime mais não disse, o método. — Eu queria furar todas elas, torturá-las, embalsamá-las. Uma corrente de idéias vem a minha mente, quando o objetivo é salvar as pessoas, entende? Vossa senhoria aplica injeção, receita pílulas, faz cirurgias, mas me diga doutor, faz por eles ou por você? Cada um de nós ajuda de uma forma. A diferença é que elas me agradecem por que eu as salvos. Enquanto ao Senhor, já lhe agradeceram alguma vez? — Não sou um assassino. Sou um psiquiatra respeitado, com várias titulações. Jamais me compare ao seu nível, pois estou em padrões mais elevados. Claro que já me agradeceram. Do contrário de você, eu salvo e não mato. Afirmo isto com toda fidedignidade. Eu sou a salvação. — É a salvação das pessoas? Ok doutor, vou te contar tudo. Todo o processo. Ainda tenho esperança em você. — Eu as encontrava em uma livraria, na Avenida Passagem. As abordava com uma conversa típica. “Olá, gosta de qual tipo de livro?”, e pronto. Depois de minutos, todas falavam de seus medos e sentimentos mais profundos. Medo da morte, insatisfação em todas as esferas da vida. Eu sentia seu desespero, sua angústia e o desejo de pôr fim a vida. Mais também havia felicidade, esperança, uma mistura disto tudo. Depois de estabelecido uma relação de confiança, pedia a eles que cometesse suicídio. — O que? Simples assim? Quanta ingenuidade — Tudo é complexo doutor. Antes de elas partirem, pedi também que elas apreciassem retirar a alma de outra pessoa que desejassem. Da forma que achassem mais peculiares. Esfaqueada, envenenada, como desejassem. Ao contrário do que os cientistas como vocês dizem, nada disso provoca dor. Apenas senti dor, quem nunca se entregou a ela. 34