LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018
Alegoria Para Recomeços
Lucas Luiz
Guararema/SP
Discernir entre a representação dos dedos e a mão concreta; ainda passa
distante do toque. A imagem parada nada oferece de afago. Mesmo acaso em
movimento, ações oníricas, seguem meramente ilustrativas. De qualquer forma,
o platônico caminhou lado a lado comigo desde o princípio. Notá-lo, nesta altura,
é dar cabo ao meu exercício de melhor desempenho: constatar o óbvio.
Embora marcado, inúmeros hematomas por tamanho esforço de tato, contraído
os nervos, busca por decifrar a geografia do próprio corpo; atrever a sair da
caverna demonstra-se decisão acertada. A cegueira dissipa-se paulatina.
Como em teus olhos, graciosos, lentes frenéticas voltadas para a vida,
fotografando um novo mundo de possibilidades para além de minhas fronteiras.
Descobrindo
frames.
Outras
maneiras
de
realocar
os
mesmos
cenários.
Adaptando distâncias. Coordenando pé por pé o seguir em frente.
Confesso, fiz-me do avesso para sobreviver. Seria impossível adequar nossos
fusos não fosse eu estrangeiro em mim. Deixando de ser abstrato e adquirindo
forma. Meio amorfo, impreciso. De pouca valia, porém, não mais sombra, carne e
osso. Sem pé nem cabeça, mas, de todo, coração.
24