LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018
Anjo Decaído
Ludovico
Indaiatuba/SP
A faca com que brinco
Enquanto me finco uma estaca
Não são tidas como causa
E não as escondo em casa
Infecciosa paixão
Sempre em polvorosa
Uma boca esperançosa
Vomita motes de revolução
A língua tende a se retorcer
O que faz crescer a mágoa
O corte não me machuca
Se despenco, com toda a sorte
Quem não mais me acompanha
Só pode esperar pela morte
Nesses estilhaços de vidro
Eu duvido do estardalhaço
Um incômodo sombrio do ouvido
Nos escombros, o embrião do meu
palácio
Marcham os soldados
Jogam-se os dados no chão
Os que nunca mais se acham
Junto dos corpos, empilhados
Num novo rio de uma velha rota
Pés sem botas que passam frio
Um enterro sem delírio
É pedir exílio em um espelho
A vida não tem mais pausas
E mais um anjo perdeu as asas
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