Revista LiteraLivre 12ª edição | Page 31

LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018 Anjo Decaído Ludovico Indaiatuba/SP A faca com que brinco Enquanto me finco uma estaca Não são tidas como causa E não as escondo em casa Infecciosa paixão Sempre em polvorosa Uma boca esperançosa Vomita motes de revolução A língua tende a se retorcer O que faz crescer a mágoa O corte não me machuca Se despenco, com toda a sorte Quem não mais me acompanha Só pode esperar pela morte Nesses estilhaços de vidro Eu duvido do estardalhaço Um incômodo sombrio do ouvido Nos escombros, o embrião do meu palácio Marcham os soldados Jogam-se os dados no chão Os que nunca mais se acham Junto dos corpos, empilhados Num novo rio de uma velha rota Pés sem botas que passam frio Um enterro sem delírio É pedir exílio em um espelho A vida não tem mais pausas E mais um anjo perdeu as asas https://www.facebook.com/ludovicoluka/ 25