Revista LiteraLivre 12ª edição | Page 27

LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018 quando me disse: “Eu não ganharia nada matando você, garota burra.” Me descontrolei e comecei a soluçar. —Não sou burra! “Sou estúpida”, completei em pensamento. Quem responde “não sou burra” para o diabo? — Cadê o homem? O que estava acontecendo comigo? Porque eu estava fazendo perguntas idiotas ao diabo? Havia tanto que eu podia perguntar. Mas ele existe de verdade? E deus, existe mesmo? O inferno é como a descrição de Dante? E o céu? Porque ele saiu de lá? A criatura revirou os olhos e me disse que o homem havia vendido a alma para ele ou ela, enfim, para o diabo. E que agora não passava de um vulto, sofrendo torturas eternas. Estremeci ao ouvir aquilo. Ela me disse que não contasse essa história a ninguém, porque ninguém acreditaria em mim. —Afinal, você é só uma mulher. E olha o seu tamanho. O diabo é uma mulher machista. Não pude deixar de rir. O barulho foi de grunhido. As minhas bochechas ainda estavam ensopadas com as lágrimas. Eu tremia de medo. —É claro que eu sou real, garota burra. Sou o primeiro mal, aquele que sempre existiu e sempre vai existir. — Não sou burra. — Balbuciei. — E isso é uma frase da última temporada de Buffy. Ela gargalhou e me disse para tomar cuidado, pois eu estava pensando muito em magia ultimamente. Eu disse que não aceitava conselhos do diabo e que iria fazer exatamente o contrário. Terminei em tom profético: “O bem sempre vence o mal.” Depois pensei “se eu matasse o diabo? deixaria de existir?” 21 Será que o mal