LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018
— Preciso de medições! — Vociferou Goldstein ao monitoramento, mas as
imagens haviam sido perdidas.
— Perdemos o sinal de vídeo! — Respondeu o auxiliar nervosamente.
— Preciso das demais medições em todos espectros de radiação! —
Vociferou tendo a negativa do auxiliar.
Naquele instante a luz cessou levando a um quase oposto quando as luzes
do cômodo oscilaram piscando. Repentinamente o silêncio tomou novamente o
lugar quando um suspiro profundo e longo irrompeu o silêncio. Goldstein
contrariando as indicações teve de verificar com os próprios olhos o que
acontecia uma vez os equipamentos falharam. Quando ele fintou o vazio
vislumbrou a imagem esquálida de um profano ser que parecia flutuar dentro do
lugar enquanto Grimstone alheio pintava num ritmo nervoso no meio ruborizado.
A criatura que estava encurvada sobre si mesma estava trêmula, e era duma
brancura albina a ponto de arder os olhos. De fato, nevoa e brilho parecia sair
daquele ser a ponto de eclipsar qualquer outra atenção.
Fora quando diante dos olhos de todos o ser abriu-se em seus membros
revelando grandes olhos negros que o fintaram num pavor que os fez gelar a
espinha. A expressão profunda de medo da criatura era tão intensa que parecia a
todos contagiar num arrepio angustiante mas não menos hipnótico. Paralisados
como uma presa ante um fóbico predador, aquele monstro então abriu a boca e
num só vociferar lançou um grito tão alto que quebrou mesmo as lentes dos
óculos de Goldstein que agora tremia encurvado sobre si mesmo. Aquele
hediondo ser então balbuciou.
— Sinta o medo da existência no abismo! O medo que liberta também
aprisiona e torna insana a mente fraca para sua verdade.
O nome da suposta entidade era Asmofobos, mas o pintor alheio ignorava
todo acontecimento enquanto terminava de pintar uma figura sombria de
penhascos ante um céu nublado, mas cuja profundidade era tenebrosamente
realista. Transpirando o homem se recusava a parar quando o ser
repentinamente pareceu ser engolido desaparecendo.
Todos os três cientistas presentes vociferavam nervosamente por socorro
quando os demais homens que acompanhavam o monitoramento interrompido de
fora quebraram a porta forçando a entrada para acudi-los, mas os encontraram
desolados. Goldstein arfando os pulmões parecia agora catatônico a fintar o vazio
aumentando a consternação de todos ante provas inconclusivas a não ser o início
do clarão. Cada um teve uma reação despropositada e irracional ao incidente, um
desenvolveu uma amnésia esquecendo-se dos últimos dois anos numa tentativa
cerebral de bloquear memórias indesejadas ante o encontro enquanto os demais
apenas enlouqueceram. O jovem aprendiz que lhe auxiliou ao término do
incidente apenas afirmava tranquilamente que esperava por aquilo.
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