LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018
Um sonho de Mamãe Oxum
Marcos Andrade Alves dos Santos
Canaan/Trairi/CE
Abri os olhos.
Despertei as margens de um rio caudaloso, tão largo que eu não podia avistar a
outra margem.
O sol estava nascendo e todas as coisas ganhavam cores na minha visão.
Não sei que lugar era aquele. Só me lembro de ter seguido uma voz que cantava
docemente, mas que agora desaparecera.
Olhei para o chão – sob os meus pés estava uma areia alva como o vestido da
aurora.
A faixa estreita de terra era engolida a esquerda por uma vegetação verdinha,
que se estendia acompanhando o rio até perder de vista.
Procurei rapidamente com os olhos uma vereda pela qual escapar, porém não
havia sinal de caminho por entre a mata. Não poderia voltar por ela.
Mas para onde voltar? Para onde seguir?
Acima de mim voavam pássaros que ora ou outra gritavam melodias
incompreensíveis, diferente daquela que havia me chamado.
De vez em quando, alguns mergulhavam no rio e saíam sem pingar uma gota d
´água.
Me impressionei com essa visão, mas decidi não me demorar.
Senti uma brisa me empurrando na direção do Sol.
Deixei que me levasse.
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