LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018
Terra
Ivanildo Antonio dos Santos Pessôa
Capanema/PA
Na minha terra chove chuva de desanuviar
pássaros.
Gotas de pintar asas de borboletas, de
desenhar arco-íris e de colorir fins de tarde.
Na minha terra, as palavras são escritas em folhas
leves de algodão. Lá, os homens nascem com almas
de regar flores, de amortecer quedas de vaga-lumes
e de roubar beijos de Deus.
Na minha terra, as palavras são não ditas, são não
faladas. Elas são sentidas com a ponta dos dedos,
dedos de virar páginas desenhadas com tinta
retirada de olhos que alumiam escuridão.
Lá, na minha terra, o sol não nasce. Ele brota do
oco do mundo e depois se desvira em lua, em
noites de espantar solidão e de viver amores de
povoar sonhos.
Na minha terra, as estrelas não caem. Elas sobem
dos mares de areia molhada e vão brincar em céus
que nunca se apagam. A minha terra tem um nome
…É poesia.
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