Revista LiteraLivre 12ª edição | Page 170

LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018 Terra Ivanildo Antonio dos Santos Pessôa Capanema/PA Na minha terra chove chuva de desanuviar pássaros. Gotas de pintar asas de borboletas, de desenhar arco-íris e de colorir fins de tarde. Na minha terra, as palavras são escritas em folhas leves de algodão. Lá, os homens nascem com almas de regar flores, de amortecer quedas de vaga-lumes e de roubar beijos de Deus. Na minha terra, as palavras são não ditas, são não faladas. Elas são sentidas com a ponta dos dedos, dedos de virar páginas desenhadas com tinta retirada de olhos que alumiam escuridão. Lá, na minha terra, o sol não nasce. Ele brota do oco do mundo e depois se desvira em lua, em noites de espantar solidão e de viver amores de povoar sonhos. Na minha terra, as estrelas não caem. Elas sobem dos mares de areia molhada e vão brincar em céus que nunca se apagam. A minha terra tem um nome …É poesia. 164