LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018
Aquelas centenas - ou milhares - de naves livraram-se de sua carga e partiram
tão eficiente e misteriosamente como haviam aparecido.
A nosso redor, dunas de areia e rochas. Uns matinhos aqui e ali. Respirávamos
bem, sinal de atmosfera semelhante à da Terra.
No céu...aquele espetáculo.
Apontei. Outros já se haviam dado conta do planetinho azul que no espaço
parecia uma lua gigante, revelando o contorno de nossos amados mares e
continentes. Belo de tirar o fôlego.
A multidão, começando a compreender, passou a contemplar.
Então as explosões aconteceram. Contei três.
Diante de nossos olhos, o planeta fragmentou-se. Estávamos órfãos.
Não se ouviu som algum. Parecia que a multidão havia esquecido de respirar. O
significado daquilo penetrava aos poucos em cada consciência.
Inexorável.
Acontecera.
Estávamos por nossa conta.
Teríamos de recomeçar.
Do alto de uma pedra, uma pessoa deu voz de comando:
- Vamos para lá.
Houve um começo de rebelião.
- Ouçam-se. - a voz falava como quem tinha autoridade. - Veem aquela nuvem?
É um cúmulo. Se não acharmos água, na pior das hipóteses, teremos chuva.
Como ninguém tivesse uma ideia melhor, puseram-se a segui-lo.
Pergunto-me quanto tempo iremos peregrinar pelo deserto.
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