Revista LiteraLivre 12ª edição | Page 116

LiteraLivre Vl. 2 - nº 12 – Nov./Dez. de 2018 Coloca o garfo na boca e olha para uma mãe que ralha com o filho que se recusa a comer salada. Assínia sorri para o pequenino cumprimentando-o, ele tapa os olhinhos com as mãos e os destapa, sorrindo com um dentinho de leite faltando na boca. Na mesa em frente um casal almoça olhando-se apaixonadamente e Assínia pensa em Amat, um ruivo meio desengonçado do trabalho e de como gostaria mesmo que ele a notasse. Uma mulher loira entra no restaurante pegando uma bandeja distraidamente, se serve brócolis e salada de soja, pega uma tilápia gratinada. Escolhe um refrigerante diet, pois se sente meio gordinha e prefere alimentos mais saudáveis. Assínia percebe que um homem lhe pisca levemente fazendo com que ela revire os olhos, pois ele é um cara lascivo, na faixa dos quarenta e poucos anos e nem um pouco atraente. Ela se vira para o outro lado para não ter que olhar para ele e seus olhos se encontram casualmente com os da mulher loira na mesa em frente. As duas se observam, primeiro sem interesse algum e subitamente com um olhar de reconhecimento mútuo. A loira se levanta imediatamente arregalando os olhos azuis de maneira cômica e Assínia faz o mesmo, seu coração está descontrolado e ela sente que ele pode explodir de tão forte que está batendo. A mulher olha de relance para a mesa e Assínia solta um grito instintivo. Dá a volta na sua mesa e corre até sua oponente. A jovem percebe que a mulher é maior do que em seus sonhos e precisa tomar alguma dianteira, acerta um soco no rosto da mulher que remexia na bolsa procurando algo com que atacar a moça pequena. O pequenino parece se assustar e a mãe o pega no colo, afastando-se do conflito. Ela coloca um pedacinho de cenoura e a criança, tão absorta no espetáculo sangrento, acaba mastigando o vegetal. A mulher loira revida acertando seu tapa mais forte que joga a moça magra sobre a mesa do casal, derrubando seus copos de suco. Os dois apenas se 110