Revista - GRUPO JASF Dezembro de 2019 e Janeiro de 2020 | Page 11

FiNANCEIRO Momento para rever dívidas Vertamatti: No caso de pessoas físicas, que afetam indiretamente as empresas, o cadastro positivo irá facilitar gradativamente a redução da inadimplência na comparação com o mesmo mês de 2018. “Com a queda da Selic, os juros, de maneira geral, têm caído, ainda que não acentuadamente como se espera. O que significa que ainda há espaço para reduzir mais os juros praticados no mercado”, avalia o diretor-executivo de economia da Anefac, Roberto Vertamatti. De acordo com a pesquisa de ju­ ros, realizada mensalmente pela As­ sociação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabi­ lidade (Anefac), é possível observar a retração das taxas aplicadas às linhas de crédito à pessoa jurídica. Em se­ tembro de 2019, a taxa média estava em 47,64% a.a., contra 54,29% a.a. Da Roz: “Quando a taxa está subindo, o ajuste por parte dos bancos é, praticamente, automático. Quando está caindo, porém, os bancos não repassam tudo” O movimento de retração da taxa Selic favorece as empresas. Uma das vantagens é que os per­ centuais aplicados às operações de crédito começam a regredir gra­ dualmente. Outro benefício diz respeito à renegociação das dívi­ das. Da Roz ressalta que organi­ zações que, no passado, assumi­ ram dívidas com juros nominais maiores podem procurar as insti­ tuições bancárias para rever as ta­ xas cobradas. “Conseguindo renegociar a ta­ xa hoje, os preços serão ajustados e a taxa de juros ficará travada”, assegura o economista. Isso quer dizer que, caso a Selic volte a su­ bir, o empresário ainda contará com condição melhor para o pa­ gamento das dívidas. Vertamatti acrescenta que, concomitante­ mente, a companhia deve estabe­ lecer uma revisão de custos com vistas a otimizar a gestão financei­ ra do negócio. Por que o crédito continua caro? A prática do mercado de crédito para pessoa jurídica ainda não está alinhada à trajetória de redução da taxa básica de juros. A Anefac demonstra esse descolamento comparando os percentuais de março de 2013 com os de setembro de 2019. Nesse período, enquanto a Selic regrediu 1,75 ponto percentual, baixando de 7,25% para 5,5% a.a., o mercado elevou as taxas em 4,06 pontos percentuais, com incremento de 43,58% a.a. (março de 2013) para 47,64% a.a. (setembro de 2019). Sobre os fatores que contribuem para esse afastamento, Vertamatti enumera cinco pontos. Baixa concorrência no sistema bancário No Brasil, cinco grandes bancos dominam 85% do mercado bancário. Equilibrar a concorrência poderia beneficiar os clientes. Alta carga tributária O peso dos tributos também impacta o sistema bancário, refletindo diretamente nos juros cobrados. Inadimplência A inadimplência dos clientes contribui para que as taxas de juros permaneçam elevadas. “No caso de pessoas físicas, que acabam afetando indiretamente as empresas, a implantação do cadastro positivo irá facilitar gradativamente a redução da inadimplência”, projeta. Burocracia Outro fator que impacta o custo do crédito é a burocracia brasileira, que afeta tanto empresas quanto pessoas físicas. Falta de competitividade Há, também, poucas alternativas no tocante às linhas de longo prazo. Essa falta de competitividade “engessa a economia brasileira como um todo”, avalia. 1 2 3 4 5 11 Contas em Revista - Dezembro de 2019 e Janeiro de 2020