Revista Febase 85 - Julho 2018 Revista Febase 85 | Page 6

DOSSIÊ CAMINHO Estes obstáculos são os mais difíceis de ultrapassar e os mais resistentes a medidas legislativas. Não bastará simples- mente persistir nas abordagens das últimas décadas, mas sim complementá-las com cinco elementos básicos: a) Uma nova economia do cuidado: valorizar de forma justa as ocupações relacionadas com os serviços de cuidados e me- lhorá-las para que cumpram os requisitos em matéria de tra- balho digno irá contribuir para a melhoria da vida profissional das mulheres e atrair mais homens para essas ocupações; b) Fortalecer o controlo das mulheres sobre o seu tempo: conciliar as responsabilidades profissionais e não profis- sionais continua a ser o principal obstáculo que impede muitas mulheres de avançarem no mercado de trabalho. É necessário capacitá-las para que possam exercer um maior controlo sobre o uso do seu tempo; c) Valorizar de forma justa o trabalho das mulheres: a su- bavaliação histórica, ou falta de reconhecimento, do trabalho realizado pelas mulheres tem sido abordada por mecanismos dedicados à atribuição objetiva de valor ao trabalho, que era o facto concomitante ne- cessário e lógico do estabelecimento do princípio fun- damental de salário igual para trabalho de igual valor. Para que estes mecanismos sejam totalmente eficazes, é necessário melhorar a forma de os compreender e aplicar; pouco depois de a OIT ter tomado a decisão de inscrever na ordem de trabalhos da atual e da próxima conferência um ponto que visa a elaboração de normas para erradicar estes abusos. DIÁLOGO SOCIAL Outra das principais conclusões da conferência está rela- cionada com a promoção do diálogo social e do tripartismo. O Comité dedicado a este tema decidiu um novo quadro de ação que inclui um conjunto de medidas que promovam estes dois instrumentos e convidou os membros a fortalecer o diálogo social em todas as suas vertentes, fortalecendo assim a cooperação para o desenvolvimento, aprimorando a pesquisa e a formação. O diálogo social desempenha um papel crucial na formu- lação de políticas que promovam a justiça social, pelo que o Comité insistiu em que “as organizações de empregadores e de trabalhadores livres, independentes, fortes e representati- vas, juntamente com a confiança, o compromisso e o respeito pela autonomia dos parceiros sociais e os resultados do diá- logo social são essenciais para tornar o diálogo social eficaz”. TEMPO DE TRABALHO As transformações que têm vindo a ocorrer no mundo do tra- balho estão a mudar as formas tradicionais de trabalho e a terem Carlos Silva ladeado pelos deputados Sofia Araújo e Rui Riso, à esquerda, e pela deputada Sandra Pereira, Jorge Mesquita, do Cefosap, e Catarina Tavares, da UGT d) Dar voz e elevar a representação das mulheres: desde que este relatório foi conhecido, tem-se assistido a um aumento, à escala mundial, de protestos contra os maus- -tratos infligidos às mulheres no trabalho e noutros âmbitos. É um lembrete poderoso da importância da ca- pacidade de ação das mulheres e da responsabilidade que a OIT tem na sua promoção; e) Acabar com a violência e o assédio: as revelações recen- tes de grande repercussão mediática acerca da natureza e do alcance da violência e assédio sofrido pelas mulheres, e as reações que geraram em todo o mundo, ocorreram 6 – FEBASE | julho | 2018 impacto na sua organização. Destacam-se as novas modalidades emergentes, como o teletrabalho e o trabalho online. Desta forma, é necessário dedicar particular atenção aos padrões relacionados com o tempo de trabalho, garantindo que este seja decente. A adoção de um quadro regulamentar adequado sobre o tempo de trabalho ganha especial relevância, tanto na pro- teção dos trabalhadores como para assegurar condições equitativas para os empregadores. Os parceiros sociais têm aqui um papel importante a desempenhar na definição de regras e na orientação do tempo de trabalho. w