Revista FAATESP Ano 1 / N° 1 - Ago 2014 | Page 48

[email protected] vida escolar com dificuldades em Matemática, e mais tarde se tornam grandes engenheiros e engenheiras. Raramente temos oportunidade de refletir sobre tais questões. Esquecemo-nos de que é mais fácil aprender quando estamos diante de algo que nos pareça significativo e importante, e assim distanciamos a linguagem da escola daquilo que faz sentido para os alunos. O PROBLEMA DA TRANSMISSÃO Além de questionar a eficácia da escola atual na transmissão dos conhecimentos a que se propõe, podemos também refletir sobre a validade do papel social do ambiente escolar como mero transmissor de conhecimentos. A concepção que coloca o aluno como personagem passivo da relação pedagógica, mero acumulador de conteúdos, vem sendo questionada por inúmeros desafios que a sociedade contemporânea vem apresentando à educação. Em linhas gerais, pode-se dizer que o modo como a escola tradicional está estruturada subentende que, para "se dar bem na vida", basta ao aluno apreender, com a maior extensão e exatidão possíveis, todos os conteúdos comunicados a ele pelos professores em suas aulas. Logo, os melhores alunos são aqueles que obtêm as maiores notas nas provas, onde são intimados a repetir o que foi exposto pelo professor durante aquele período de aulas. Pouco (ou nada) importa à escola se seus melhores alunos têm um círculo saudável de amigos, se têm hobbies, se passeiam, viajam, se têm animais de estimação, se sofrem ao ver as brigas dos pais etc. Alunos que demonstram alto nível de desempenho dentro das regras da escola podem ser inábeis fora dela. A despeito das enormes e velozes mudanças que reconfiguraram a humanidade no último século, a função da escola foi pouco alterada. NOVAS PERSPECTIVAS Uma justificativa tradicionalmente utilizada pela escola para valorizar a apreensão de conteúdos é o vestibular. É curioso, pra dizer o mínimo. Então todo funcionamento da escola, ao longo de mais de uma década de vida da criança, está embasado na preparação para uma única prova, aplicada para aqueles que desejam ingressar no ensino superior? O que acontecerá com nossa escola se, a partir de amanhã, os aprovados em todos os vestibulares passarem a ser decididos por sorteio (como sugeriu Rubem Alves...)? Todos concordam que a importância da escola na vida dos cidadãos deve ir além do preparo para uma prova. Em primeiro lugar, vivemos um tempo em que o conhecimento baseado na padronização de soluções para os mesmos problemas vem perdendo terreno. O conteúdo que se aprendeu na escola ano passado pode não valer mais esse ano. Mais do que reter conhecimento, é preciso ser capaz de criar conhecimento / inovar. No mercado de trabalho, cada vez mais empresas se dispõe aos custos com treinamentos, visando à superação de certas lacunas no conhecimento de seus colaboradores. Tais organizações, porém, não admitem a ausência de características como bom relacionamento interpessoal, capacidade de liderança ou flexibilidade – coisas que a escola não ensina. O conhecimento já se encontra disseminado na internet, à disposição de qualquer um que saiba utilizar os (cada vez mais inteligentes) mecanismos de busca. A retenção de inf