Revista FAATESP – Ano 1 / n° 01 – Ago 2014
para determinar o nível de inteligência das
pessoas.
Esses estudos repercutiram enormemente
no meio educacional o que explica que até
hoje, apesar de estudos mais atuais como o
de Gardner (1995) das inteligências
múltiplas, ainda haja um foco excessivo na
razão, ou seja na cognitividade em
detrimento da emoção, da afetividade, da
criatividade, que são os enfoques principais
na proposta de aprendizagem lúdica por
meio de jogos.
As pesquisas que estudam o mapeamento
do cérebro humano apontam para uma
divisão inicial em hemisfério direito e
hemisfério esquerdo, sendo o esquerdo
responsável pela razão e o direito pela
emoção no ser humano.
Santos (2008, p.11) nos traz mais um dado
importante: “segundo as pesquisas que
apontam para o fato de utilizarmos entre
1% e 10% do nosso potencial cerebral e
destes 10%, analisando os paradigmas mais
vigentes, percebe-se que a racionalidade
ocupa grande parte deste percentual,
ficando cada vez mais claro o quanto o ser
humano não se utiliza da ludicidade como
estratégia de desenvolvimento.”
Ainda no entendimento de Santos (2008,
p.12), quando o homem potencializa o
hemisfério direito no trabalho, ele inova,
integra, tem facilidade para estabelecer
conceitos,
interessa-se
por
novas
tecnologias, compartilha e expressa-se. No
processo criativo ele brinca, experimenta,
intui, vê o todo, interage com as pessoas,
aciona o cinestésico, o espiritual, o sensual
e o tátil. Quando está aprendendo ele
explora, vivencia, descobre, qualifica,
elabora conceitos, aciona o emocional,
sente, internaliza e compartilha.
Para que a ludicidade flua naturalmente é
importante que o paradigma da razão
soberana seja quebrado e o hemisfério
direito passe a ser mais utilizado, pois esse
é o responsável pelo prazer, emoção,
motivação, inovação, humor, dentre outros
importantes fatores para uma vida mais
equilibrada e sadia.
O propósito não é fazer uma troca e
colocar a emoção e a ludicidade como
soberanas no lugar da razão e sim dar a
esses dois hemisférios o mesmo peso e
importância no desenvolvimento integral e
equilibrado do ser humano.
Estamos em busca de um ser humano mais
lúdico que nada mais é, senão:
“Ser lúdico, portanto, significa
usar mais o hemisfério direito do
cérebro e, com isso, dar uma nova
dimensão à existência humana,
baseado em novos valores e novas
crenças que se fundamentam em
pressupostos que valorizam a
criatividade,
o
cultivo
da
sensibilidade,
a
busca
da
afetividade, o autoconhecimento,
a arte do relacionamento, a
cooperação, a imaginação e a
nutrição da alma”. (SANTOS, 2008,
p.13)
Todo esse discurso, aos olhos de alguns
pode parecer que, em decorrência da
exploração
do
hemisfério
direito
perderemos nossa condição de adultos
sérios e responsáveis, ao contrário,
manteremos sim nossa condição de
adultos responsáveis, talvez menos sérios e
dando um novo sentido a nossa existência
pela via da ludicidade, recuperando a
sensibilidade estética e enriquecendo seu
interior. (SANTOS, 2008, p. 13)
Para Lapierre e Aucouturier (1984 apud
Ferreira & Coelho apud Santos, 2008 p.
126), a criança elabora seus fantasmas por
meio do jogo simbólico e com o adulto não
é tão diferente. O que difere é o exercício
racional ao qual nós somos submetidos
durante o período de escolarização o qual
continuamos
a
reproduzir
quando
mudamos de posição na sala de aula. Outra
diferença está na oportunidade que temos
de optar por buscar saídas e olhar
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