Revista Educar FCE EDUCAR FCE 6ED VOL1 - 23-06-207 | Page 266

INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO

O interesse por esse tema surgiu a partir do momento que passamos a compreender o valor da influência do movimento na aprendizagem da leitura e da escrita como fator favorável ao êxito nas séries iniciais e a necessidade de desenvolver habilidades psicomotoras que colaborem para o pleno desenvolvimento da criança. E a educação infantil tem papel vital no uso cotidiano e planejado de atividades lúdicas que propiciem este desenvolvimento psicomotor das crianças.
Não acreditamos na escrita como um ato essencialmente motor e sim como uma atividade de conhecimento. Assim sendo, o enfoque pedagógico passa a ser o estímulo à elaboração mental, visando à construção dos modos de produção e interpretação da escrita. Aquele que escreve põe no papel mais do que sinais gráficos convencionais, porque a escrita só existe efetivamente quando o sujeito se torna capaz de registrar a sua visão de mundo e seu modo de ser.
Toda criança ao ingressar na escola, dispõe não apenas da fala, mas de um arsenal de comportamentos motores que, independentemente da sua dimensão funcional e prática, representa também uma face da própria linguagem. Isso porque o corpo, tal como as palavras, transmite formas de ser e pensar, modos de se fazer presente no mundo e de interagir com os demais. Embora a maior parte dos trabalhos referentes à comunicação e expressão considere quase exclusivamente a linguagem verbal, não podemos negar que as primeiras manifestações de si são feitas através do corpo.
O corpo na sua compreensão mais ampla é linguagem, é vivência simbólica, é manifestação de si e meio de intercâmbio social. O movimento, o jogo, a ação corporal e a vivência das sensações constituem o elo entre o eu, o mundo e os outros, o primeiro plano de um fazer mental e expressivo e de uma estruturação cognitiva sólida e propícia para diversas aprendizagens.
A vivência corpórea significativa amplia as possibilidades de expressão autêntica, na medida em que garante à criança uma posição no mundo mais consciente. Tal consideração justifica a nossa preocupação em integrar o movimento às esferas educativas, numa dimensão significativa. Assim como a fala e a gestualidade, a construção da escrita depende do tripé fundamental de qualquer esfera do desenvolvimento humano: motricidade, conhecimento e afetividade.
O corpo não pode e não deve ser desprezado, se a intenção for, verdadeiramente, a de educar o ser humano. Se além do treinamento motor, o movimento humano for
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