Revista de Medicina Desportiva Nov. 2021 | Page 9

Figura 8 – Tração de ambas as extremidades do fio e avaliação da redução e ausência de obstrução à mobilização do joelho
Reabilitação pós-operatória
Após a cirurgia os doentes utilizam uma joelheira articulada durante seis semanas , com flexão progressiva ( 0-30 ° nas primeiras duas semanas e subsequente aumento da flexão até à sexta semana ), sendo permitida a carga parcial . Apenas é permitida a carga total oito semanas após a cirurgia .
Figuras 9 e 10 – Resultados radiográficos 6 semanas após a cirurgia
Figuras 11 e 12 – Resultados funcionais seis semanas após a cirurgia
Resultados
No nosso hospital foram operados dois doentes com esta técnica cirúrgica . Verificou-se radiologicamente a consolidação às seis semanas nos dois casos ( figuras 9 e 10 ). Do ponto de vista qualitativo , obteve- -se um score IKDC subjetivo de 96 e 98 pontos ( excelente ). A medição da manobra de Lachman com auxílio do Rolimeter registou em média 1,6mm . Não houve limitação da mobilidade nem rigidez articular ( figuras 11 e 12 ).
Discussão
O tratamento artroscópico das fraturas da eminência da tíbia parece ter vantagens relativamente ao tratamento por via aberta . Permite não só diagnosticar e tratar outras lesões associadas , como também a redução anatómica da fratura . 14 , 20 No entanto , Gans et al . afirmaram que é impossível concluir relativamente à superioridade de uma abordagem sobre a outra . 18
As principais desvantagens da fixação com parafuso ( s ) é a impossibilidade de fixação de pequenos fragmentos e a necessidade de eventual cirurgia posterior para extração de material , devido a intolerância ao material ou ao conflito com o LCA . A ancoragem do fragmento à epífise proximal da tíbia também é uma opção válida e apresenta bons resultados . Contudo , tem a desvantagem de poder criar fraturas secundárias durante a inserção da
21 , 22
âncora . No que concerne à fixação com sutura , tem a vantagem de ser mais versátil , é biomecanicamente superior à fixação com parafuso , tem a capacidade de fixar , não apenas as fraturas grandes , mas também as pequenas e cominutivas , e de incorporar o LCA na estrutura de fixação . Além disso , apresenta um risco mínimo de danificar a placa epifisária em crianças e não há necessidade de extração de material . Este tipo de fixação permite uma fixação estável e reabilitação precoce agressiva .
Conclusão
O objetivo do tratamento das fraturas da eminência da tíbia em idade pediátrica deve ser a redução anatómica para restaurar a congruência articular . A sua redução e fixação por via artroscópica é muito útil , já que permite a inspeção completa da articulação , diagnosticar e tratar possíveis lesões associadas , visualização dinâmica do resultado final , mobilização e reabilitação precoce e diminuição do internamento hospitalar . A fixação com fios de sutura revela ser uma opção cirúrgica eficaz com excelentes resultados funcionais .
Os autores declaram ausência de conflitos , assim como a originalidade e a não publicação prévia deste manuscrito .
Correspondência Ricardo Marta – 4582 @ hospitaldeguimaraes . min-saude . pt Hospital Senhora da Oliveira , Rua dos Cutileiros 114 , Creixomil
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