associações de testosterona ( com libertação sustentada ) com o decanoato de nandrolona ( injetável mais conhecido como DECA ), e / ou com a metandrostenolona ou metandienona ( um oral mais conhecido como Dianabol ) e / ou com a oximetolona ( um oral conhecido como Anadrol ). Nesta fase é também frequentemente utilizado a boldenona ( um injetável de uso primário exclusivo veterinário conhecido como Equipoise ). Note-se que em termos de quantidade cumulativa de esteroides anabolizantes são atingidas frequentemente doses superiores a 1000mg por semana . Durante esta fase é frequentemente associada a insulina para aumentar a resposta anabólica e o GHRP-6 como estimulante da secreção de hormona de crescimento e também como orexigénico .
Na cutting phase geralmente são utilizados testosteronas e esteroides anabolizantes com semivida mais curta , que embora impliquem ( no caso dos injetáveis ) administrações intramusculares quase diárias , proporcionam efeitos anabolizantes e androgénicos significativos sem o indesejável efeito mineralocorticoide ( que promove a retenção hídrica ). Nesta fase do ciclo , para além da ênfase no perfil anabolizante , são procurados o efeito androgénico para manter os níveis de força e agressividade perante uma dieta claramente restritiva e o efeito termogénico . São exemplos clássicos de associação nesta fase a suspensão de testosterona ou o propionato de testosterona ( injetáveis com semividas muito curtas ) ou o undecanoato de testosterona ( oral , conhecido como o Andriol ) com o estanozolol ( injetável ou oral , conhecido com Winstrol ), e / ou com a trenbolona ( um injetável de uso primário exclusivo veterinário ) e / ou com a drostanolona ( injetável conhecido como Masteron ). Durante esta fase são frequente e classicamente associados a hormona de crescimento ou o IGF-1 , a metformina , hormonas tiroideias ( principalmente a T3 ) e o clenbuterol . No período pré-competitivo são utilizados com alguma frequência diuréticos tiazidicos e a espironolactona .
Há alguns esteroides anabolizantes que devido às suas características farmacológicas são utilizados em qualquer fase da preparação , nomeadamente a metenolona ( oral e / ou injetável conhecido como Primo ) e a oxandrolona ( oral conhecido como Anavar ). São considerados os esteroides anabolizantes mais seguros . O perfil claramente anabolizante e muito pouco androgénico da oxandrolona faz com que seja a principal opção das atletas femininas .
Os programas de Post Cycle Therapy baseiam-se na tentativa de normalizar o eixo hormonal e como tal recorrem à associação da β-HCG com os SERMS ( clomifeno ) e com os anti-estrogénicos ( tamoxifeno ) ou anti-aromatase .
Esta é a minha visão resumida de uma realidade paralela com uma longa história que não pode ser esquecida dada a morbimortalidade que atualmente está associada ao mundo do Bodybuilding & Fitness .
Prof . Doutora Carla Rêgo Pediatra – Hospital CUF Porto . Professora Auxiliar da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto . Professora Convidada da ESB – Universidade Católica Portuguesa . Investigadora do CINTESIS
A utilização de esteroides anabolizantes androgénios em idade pediátrica
A frequência de utilização de esteroides anabolizantes androgénios ( EAA ) em idade pediátrica não é conhecida . Muito embora a literatura aponte para um início precoce na sua experimentação ( cerca dos 10 anos de idade ), reconhece a ausência de informação relativa ao seu consumo nestas idades mais jovens . A maior incidência da sua utilização regular ocorrerá entre os 20-40 anos , em não atletas ou praticantes recreativos ( pela procura de uma melhor imagem corporal ), associada ao consumo de outras substâncias e no sexo masculino .
A idade pediátrica é caracterizada pelo crescimento e maturação em todas as suas vertentes . Esta fase da vida , em particular a adolescência , é um período hormonalmente muito sensível , quer na perspetiva do crescimento somático , quer da maturação neurocognitiva e comportamental , desempenhando os esteroides sexuais um papel determinante .
O controle do crescimento somático é obtido pela interação complexa entre fatores genéticos e ambientais , desempenhando o sistema endócrino um papel regulador fundamental . Pode assumir-se que o modelo de crescimento pós- -natal tem três fases , com ganhos estaturais aditivos . É durante a 3 ª fase ( fase pubertária ) que ocorrem as alterações mais importantes do crescimento , sendo este determinado pela hormona de crescimento ( GH ) e pelos esteroides sexuais , com contribuição de cada um com cerca de 50 % do ganho estatural durante o período pubertário . A GH , produzida pelos somatotrofos da hipófise anterior , tem um papel fundamental , desempenhando a sua função através da ligação a recetores específicos em vários tecidos , particularmente no fígado , com produção do fator de crescimento IGF1 ( Insulin- -like Growth Factor 1 ). Quanto aos esteroides sexuais , a testosterona aumenta a expressão de IGF1 e dos seus recetores nas cartilagens , e os estrogénios a expressão do recetor da paratormona , promovendo o crescimento . No processo de crescimento os androgénios são bifásicos , estimulando a formação endocondral de osso e , posteriormnete , na fase final da puberdade , a oclusão da cartilagem de crescimento , sendo a ação dos androgénios na placa de crescimento mediada fundamentalmente pela aromatização dos estrogénios . Do descrito se infere que um ambiente deficitário ( por ausência ou inadequação de secreção ) ou excessivo ( por patologia endócrina ou iatrogenia / administração externa voluntária ) em androgénios compromete a componente pubertária fisiológica do modelo de crescimento .
Numa perspetiva do crescimento somático , a utilização de esteroides anabólicos em idade pediátrica resulta , pois , numa elevação significativa dos estrogénios , promovendo a aceleração inicial de crescimento , à qual se segue a oclusão precoce da placa epífisária ( cartilagem de crescimento ). Dependendo da idade da utilização dos esteroides anabolizantes , da dose , do tipo , da duração e , em particular , do estádio pubertário à altura , esta oclusão precoce poderá estar associada a
Revista de Medicina Desportiva informa novembro 2021 · 27