e depois anualmente , assim como contraindicações , como sejam os cancros da próstata , mama e pele , o PSA elevado , apneia de sono , doença cardiovascular e outros .
Permanece em discussão se o homem idoso com diminuição da testosterona associada à idade deva receber a terapêutica de reposição com testosterona . Sabe-se que os níveis de testosterona livre , após atingirem valores máximos na segunda e na terceira décadas de vida , diminuem , com consequências na funcionalidade do organismo ( sexual , metabólico , cardiovascular , estrutural , psiquiátrico ). A recomendação da Sociedade Endócrina não aconselha a prescrição de testosterona por rotina a todos os homens com 65 ou mais anos de idade , devendo a prescrição ter base individualizada após a discussão dos potenciais riscos e benefícios em homens com sintomas sugestivos de deficiências e portadores de doenças que possam agravar com a terapêutica .
Finalmente , o texto aborda um tema atual e em crescimento , que tem a ver com o rendimento desportivo dos atletas transsexuais . Por exemplo , os sujeitos que passaram ser do sexo feminino necessitam de uma Autorização de Utilização Terapêutica ( AUT ), emitida por uma autoridade de antidopagem competente ( nacional , a ADOP em Portugal ; ou internacional , como seja a FIFA , a UEFA ou o COI no caso de atletas internacionais ) para o consumo de espironolactona , a qual pode ser usada para bloqueio dos recetores androgénicos e diminuir os níveis de testosterona . Por outro lado , a Agência Mundial de Antidopagem exige aos atletas que se tornaram mulheres que provem ter níveis de testosterona subliminares durante pelo menos um ano antes de poderem participar numa competição enquanto mulher . O Comité Olímpico Internacional definiu este limiar para < 10nM e a World Athletics ( antes designada por IAAF ) para < 5 nM .
Nas conclusões , o documento refere “ os treinadores , pais , treinadores e equipa médica devem perceber a razão que leva ao uso de EAA e proporcionar programas educacionais com capacidade preventiva ”. A posição do Colégio Americano de
Medicina Desportiva é clara e refere que “ o uso ilícito de EAA com o objetivo desportivo ou de recreação é , em muitos casos , ilegal , não ético , assim como expõe a enorme risco para a saúde ... e recomenda o uso legal e ético dos EAA para fins clínicos e apoia a capacidade dos médicos em fornecer terapêutica androgénica aos doentes quando medicamente indicado ”.
Dr . Rui Escaleira Cirurgia geral / Medicina Desportiva . Viana do Castelo
Esteroides anabolizantes na “ vida real ” … O Bodybuilding & Fitness
Dada a minha paixão pelo mundo do bodybuilding & fitness , pela minha presença assídua em ginásios desde há vários anos e pelo facto de frequentemente os atletas solicitarem , a título informal , a minha opinião sobre o impacto dos seus protocolos pré-competitivos na saúde , estou em condições para descrever a vida real no que concerne ao uso de esteroides anabolizantes .
O padrão da utilização destas substâncias tem mudado significativamente , principalmente devido à globalização da comercialização online de produtos produzidos pela Designer Drugs Industry , retirando à indústria farmacêutica a exclusividade na produção e comercialização destes compostos . Atualmente , a elevada facilidade no acesso a estas substâncias é responsável pelo uso cada vez mais frequente destas substâncias para usos recreativo e / ou casual pelos atletas mais jovens ( e não apenas pelos atletas mais experientes que as usam exclusivamente para fins competitivos ). A não compliance da maioria das federações ou associações do bodybuilding & fitness com a WADA tem sido também um dos pilares desta globalização que lhes está a sair “ muito cara ”, dado o número crescente de casos de morbilidade e mortalidade no seio dos atletas profissionais , principalmente nos dois últimos meses .
Mal qual é o padrão real de uso destas substâncias ?
Os esteroides anabolizantes enquadram-se no grupo das Performance Enhancing Drugs ( PEDs ), no qual se incluem outras substâncias , tais como a hormona de crescimento / IGF-1 , alguns peptídeos hormonais , como o GHRP-6 , insulinas , SARMs , SERMs , hormonas tiroideias , anti-estrogénios / anti-aromatase , clenbuterol , metanfetaminas e outros agentes com perfil termogénico , como a metilhexaneamina ou a efedrina , que frequentemente são tomados em associação .
Devido às características farmacológicas de cada tipo de esteroide anabolizante , nomeadamente a relação entre potencial androgénico / anabolizante / termogénico / efeito mineralocorticoide e respetivas semividas ( dependentes da sua administração oral ou intramuscular ), observamos nos protocolos de preparação determinados padrões de uso . Em primeiro lugar , convém sublinhar que os protocolos de preparação destes atletas são prescritos por preparadores que frequentemente não são médicos ou profissionais de saúde . Embora atualmente muitos atletas utilizem os esteroides anabolizantes de forma continua ( modelo Blast and Cruise ), nos modelos clássicos são utilizados protocolos de uso de esteroides anabolizantes específicos para duas fases distintas de preparação ( a primeira fase , denominada Bulk Phase dedicada ao ganho de peso e a Cutting Phase específica para a preparação pré-competitiva ), separadas por um período de “ washout – reabilitação fisiológica ” de alguns meses , em que os atletas não utilizam esteroides anabolizantes e usam programas de Post Cycle Therapy ( conhecidos como PCT ).
Na bulk phase geralmente são utilizados testosteronas e esteroides anabolizantes com semivida longa , que permitem doses cumulativas muito elevadas , obtendo-se efeitos anabolizantes / androgénicos e mineralocorticoide bastante marcados , com ênfase no perfil anabolizante . Importa dizer que a testosterona geralmente está presente em todas as fases do ciclo para equilibrar o balanço androgénico / anabolizante . São exemplos clássicos de associação nesta fase os injetáveis enantato de testosterona , o cipionato de testosterona ou as
26 novembro 2021 www . revdesportiva . pt