Revista de Medicina Desportiva Informa Setembro 2018 | Page 7
diária (ao contrário dos outros fár-
macos que são dose única diária).
Em todas as situações, o recurso aos
serviços de saúde locais deve ser
realizado caso a sintomatologia não
melhore 24-36 horas após início de
terapêutica empírica adequada.
Após regresso da viagem, todos
os doentes em cuja diarreia foi con-
siderada persistente ou severa, ou
que não responderam à terapêutica
empírica, devem ser submetidos a
testes microbiológicos de fezes, com
vista à identificação de espécies que
permita uma terapêutica dirigida.
Nos casos em que a necessidade de
resultados rápidos é premente ou
quando os testes não moleculares
falham na identificação do microor-
ganismo, devem ser utilizados os
testes moleculares; contudo, estes
não permitem inferir quanto à
sensibilidade do microorganismo
aos diferentes antibióticos. Por
outro lado, as coproculturas podem
positivar para microorganismos que
existem apenas sob forma de colo-
nização, pelo que a interpretação
dos resultados à luz dos achados
clínicos é crucial.
Estudos recentes têm demonstrado
algum papel, ainda que marginal,
na prevenção e terapêutica da DV
com recurso aos pré e probióticos; no
entanto, a evidência ainda é escassa
para que o seu uso seja recomen-
dado rotineiramente.
A profilaxia e a terapêutica ade-
quadas (e não exageradas) da DV
surgem nestas recomendações como
fundamentais, não apenas pelo
restabelecimento do bem estar do
indivíduo, com restituição da capa-
cidade de manter os planos traçados
em termos de viagem, como tam-
bém para evitar as consequências,
muitas vezes crónicas, que possam
decorrer da existência de sintomato-
logia intestinal prolongada. Destas,
é realçado o síndrome de intestino
irritável pós-infeccioso (cujo diag-
nóstico pode ser baseado nos crité-
rios Roma IV), em que um indivíduo,
previamente saudável sob ponto
de vista gastrintestinal, mantém
sintomas de dor abdominal, diarreia
e/ou obstipação após episódio de DV,
com investigação microbiológica e
de outras patologias subjacentes do
foro gastrintestinal negativas.
Comentário
Nos dias que correm, em que cada
canto do Mundo se encontra (quase)
à distância de um estalar de dedos,
e em que talvez a tecnologia tenha
evoluído mais do que o organismo
humano, cada vez se torna mais
premente que a Medicina atente e
progrida no que respeita às doenças
e condições inerentes à mobilidade
dos indivíduos entre os quatro can-
tos do Mundo.
A revolução destas recomendações,
assente na classificação da DV de
acordo com o seu impacto funcional,
implica, impreterivelmente, que os
cuidados de saúde estejam volta-
dos para a formação do viajante na
fase de planeamento da viagem,
com consultas do viajante estrutu-
radas, que o tornem um indivíduo
autónomo e que permitam que
este consiga tomar consciência da
condição de doente e da sua gra-
vidade, de quando deverá (ou não)
iniciar terapêuticas dirigidas para
o problema e quais as terapias que
melhor se adequam a cada condi-
ção. Pretende-se, assim, que de uma
forma prática o kit de abordagem da
DV seja quase tão obrigatório como
o passaporte, de forma a viagem,
muitas vezes sonhada e planeada
ao longo de anos, não seja condicio-
nada ou mesmo interrompida pela
condição de doente.
Claro está que esta forma de
autonomização de quem viaja e
quem implica a toma autónoma de
medicação por leigos, não é uma
questão meramente individual;
ao colocarmos ao dispor de todos
terapêuticas antibióticas estamos,
eventualmente, a contribuir para o
crescimento de estirpes bacterianas
multirresistentes, das quais estes
indivíduos vão ser portadores, tendo
implicações a nível de saúde pública.
Assim, é fundamental que os viajan-
tes sejam também alertados para
esta problemática, com tomada de
noção dos riscos e benefícios dos
antibióticos, que permita a sua toma
consciente e não indiscriminada.
1. Riddle MS, Connor BA, Beeching NJ, DuPont
HL, Hamer DH, Kozarsky P, Libman M, Ste-
ffen R, Taylor D, Tribble DR, Vila J, Zanger
P, Ericsson CD. Journal of Travel Medicine,
2017, Vol 24, Suppl 1, S63–S80.
PÓS-GRADUAÇÕES
FORMAÇÃO CONTÍNUA
ENSINO
PRESENCIAL
OU À DISTÂNCIA
CANDIDATURAS:
15 OUT A 2 NOV 2018
Curso Básico de Eletrocardiografia
Curso Inicial de Auscultação Cardíaca
Destinatários: Licenciados/Mestrados
em Medicina, Enfermagem,
Cardiopneumologia e estudantes
de Medicina do ciclo clinico
(4º, 5º e 6º ano)
CANDIDATURAS:
10 DEZ 2018 A 15 JAN 2019
Medicina do Futebol
Destinatários: Licenciados ou detentores
de Mestrado integrado em Medicina,
com pós-graduação ou especialidade
em Medicina Desportiva
Nutrição Clínica na Medicina Geral
e Familiar
Destinatários: Licenciados ou detentores
do Mestrado Integrado em Medicina,
Enfermagem ou Farmácia.
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