Revista de Medicina Desportiva Informa Setembro 2018 | Page 30

Quantos atletas morreram durante os Jogos Olímpicos (JO)? Dr. Basil Ribeiro – V N Gaia É uma pergunta que ocorre quando se aborda a questão da morte súbita no desporto e a segurança na prática desportiva de alto rendimento por parte de pessoas bastante bem condicionadas e consideradas muito saudáveis e que foram, certamente, sujeitas a rastreios médicos rigoro- sos. Naturalmente que a prática des- portiva regular, de intensidade adap- tada para a condição física regular é não só saudável, como segura. De acordo com o Dr. Todd Miller, cardiologista desportivo da Clínica Mayo, nos EUA, no atleta jovem, com menos de 30 anos de idade, estimam-se 80 mortes por ano de causa cardiovascular, ao passo que existem 20 mil mortes / ano devidas a acidentes com veículos motoriza- dos, a homicídios e a suicídios. Desde os JO de 1896, realizados em Atenas, morreram dois atletas nos JO de Verão. O primeiro ocorreu em 1912, nos JO da Suécia: o nosso maratonista Francisco Lázaro, de 21 anos de idade, morreu no dia seguinte após colapso ao km 29 da corrida da Maratona. No sentido de minimizar a perda de água pela sudação (há relatos que referem que o objetivo era a proteção solar) ele besuntara todo o corpo com gordura. A ausência do processo de sudação- -evaporação levou à hipertermia e ao choque térmico. Infelizmente a promessa feita antes da corrida foi cumprida: “Ou ganho, ou morro”. A outra situação ocorreu nos JO de Roma, em 1960, com o ciclista dinamarquês Knut Jensen. Na prova de contra-relógio por equipas, de 100km, realizada sob a tempera- tura de 40 graus, ele sofreu choque térmico, colapsou durante a corrida, caiu e fraturou o crânio. Ainda foi referido que usara estimulantes (anfetaminas e nicotinil tartrato), mas tal não foi revelado oficial- mente. Já nos JO de Inverno o cenário é diferente, pois há a acrescentar as mortes que podem surgir do trauma inerente aos acidentes, nos pequenos veículos (foto) ou sobre os esquis. São já quatro as morte