Figura 1 – Classificação de Meyerding ( https :// radiopaedia . org / articles / spondylolisthesis-grading-system )
compensar a cifose lombosagrada produzida pela listese e que desvia o centro de gravidade anteriormente . Apresentam retroversão pélvica , extensão das ancas , flexão dos joelhos , condicionando retração dos músculos isquiotibiais e limitação na flexão do tronco e aumento do ângulo poplíteo . 1 , 4
O diagnóstico pode ser estabelecido através de radiografias da coluna lombosagrada com incidências ântero-posterior , perfil e oblíquas . A incidência oblíqua tem particular importância para identificar espondilólise unilateral em que há traço de fratura no istmo – sinal da coleira do Scottie dog ( Figura 3 ). As radiografias de perfil permitem nomeadamente descartar eventual espondilolistese associada . Pode haver necessidade de efetuar exames para excluir outras causas de lombalgia ou melhor caracterizar a morfologia óssea , ressonância magnética ( RM ) e tomografia computorizada ( TC ) respetivamente . A cintigrafia e a tomografia de emissão de fotão único ( SPECT ) permitem identificar uma reação de stress ou lesão
subaguda da pars antes que a fratura seja visível na radiografia simples e identificar as lesões ativas . 1 , 3 , 4
Tratamento
A maioria dos casos de espondilólise e espondilolistese identificados nas crianças e adolescentes é de baixo grau , com poucos sintomas e com baixo risco de progressão , no entanto , devem ser diagnosticadas e tratadas de forma precoce . O tratamento depende da idade , potencial de crescimento , sintomatologia acompanhante , fase evolutiva e grau de listese . 1
Os atletas com espondilólise e espondilolistese de baixo grau assintomática em geral não requerem tratamento ou alteração da atividade . Nos casos sintomáticos o tratamento inicial é habitualmente conservador e especialmente desafiante no atleta , uma vez que implica a modificação da atividade física , técnicas cinesiológicas e eventual uso de ortótese de tronco , até controlo sintomático e recuperação funcional . 1-3 , 5 , 6
Segundo alguns estudos retrospetivos o tratamento conservador tem bons resultados , permitindo que 80 a 90 % dos atletas regressem à atividade desportiva entre 3 a 6 meses . Os estudos realizados apresentam diferenças nos critérios de inclusão da população e nos protocolos de tratamento conservador com tratamento fisiátrico , modificação da atividade desportiva e uso de ortótese lombosagrada ou toracolombosagrada . 2 , 5 , 7 , 8
No entanto , os autores são consensuais em relação a algumas recomendações , nomeadamente , a restrição da atividade física / desportiva que
implique forças de extensão e torção na pars interartcularis . A literatura sugere a modificação da atividade física pelo menos durante três meses , permitindo o posterior regresso à atividade desportiva sem impacto funcional negativo . 3 , 5 , 6 É ainda controverso o tempo ideal para o regresso à atividade desportiva , no entanto , o atleta deve estar assintomático . 2
As técnicas cinesiológicas devem promover o fortalecimento dos músculos do core e o alongamento dos flexores da anca e dos ísquiotibiais . 2
Não existe consenso quanto à ortótese de tronco mais eficaz ou duração da sua utilização , no entanto , a evolução clínica parece depender particularmente da adesão à terapêutica e não do tipo de ortótese utilizada . 7
A utilização de ortótese lombosagrada , segundo Sairyo et al ., pode reduzir a dor lombar em até 80 % dos casos de espondilóplise e espondilolistese grau I . O mesmo grupo de investigação demonstrou em TC que a utilização de ortótese rígida apresentou maiores taxas de consolidação aos três meses relativamente à ortótese semi-rígida . 9 , 10 A duração do tratamento com ortótese varia nos diferentes estudos entre 6 a 12 semanas até 6 meses . No entanto , não existem diferenças estatisticamente significativas nos resultados clínicos e radiológicos entre grupos tratados com e sem ortótese . 2 , 5-8
Para detetar eventual progressão da listese , o seguimento dos doentes deve ser feito a cada 6-12 meses até ser atingida a maturidade óssea ( Risser 4-5 ). 1 , 3
A literatura sugere que as lesões de espondilólise unilaterais e agudas apresentam maiores taxas de consolidação do que as lesões bilaterais ou
Figura 2 – Classificação do deslizamento da vértebra http :// www . luzimarteixeira . com . br / wp-content / uploads / 2010 / 07 / espondilolistese . pdf
Figura 3 – Sinal da coleira do Scotty dog . ( http :// www . orthoconsult . com / pars-defects-spondylolysis-spondylolisthesis /)
18 setembro 2018 www . revdesportiva . pt