Revista de Medicina Desportiva Informa Setembro 2018 | Page 18
Figura 3 – Ferramenta clínica para estratificação do risco de RED-S (adaptado de 4 )
de stress, perda ponderal signifi-
cativa (>5-10% da massa corporal
no período de 1 mês), alteração da
evolução estatural face à estatura
familiar alvo no adolescente, per-
formance deficitária ou alteração do
humor evidente. 9
A ferramenta proposta divide os
atletas em três categorias de acordo
com o nível de risco de RED-S (ver-
melha – alto risco, amarela – mode-
rado risco e verde – baixo risco) e
integra fatores clínicos e analíticos
facilmente acessíveis durante a
avaliação e seguimento do atleta.
Esta avaliação será também essen-
cial para a tomada de decisão de
determinado atleta não competir ou
regressar a competição de acordo
com o mesmo modelo. Assim, um
atleta que pertença à categoria de
risco elevado (vermelha) não deverá
participar em atividades desportivas
pelo risco inerente à prática despor-
tiva e deverá receber terapêutica ade-
quada de forma a restabelecer a sua
DE. Por outro lado, o atleta incluído
no risco moderado (amarelo) deverá
ser incluído na prática desportiva sob
supervisão médica e recomenda-se
uma monitorização frequente do seu
estado de saúde (a cada 1 a 3 meses). 9
Os atletas que apresentem pertur-
bação do comportamento alimen-
tar deverão ser acompanhados por
equipas multidisciplinares experientes
para que seja avaliada a necessidade
de restrição da prática desportiva.
Especialmente naqueles com diag-
nóstico de anorexia nervosa, índice de
massa corporal (IMC) inferior a 16,5
Kg/m 2 ou bulimia purgativa com mais
de quatro episódios de vómito/semana,
a participação desportiva deverá ser
categoricamente restringida. 28
A reavaliação do atleta é essencial
para a sua reclassificação após tera-
pêutica e para permissão de regresso
a competição sem restrições, caso
este seja incluído na categoria de
baixo risco (verde). 9
O tratamento do RED-S baseia-se
sobretudo no restabelecimento da
16 setembro 2018 www.revdesportiva.pt
DE do atleta – através do aumento
do aporte energético diário e/ou
diminuição do gasto energético
diário com limitação da intensidade
e da carga de exercício programado. 2
De forma mais prática, o passo
inicial passa pelo aumento do aporte
energético de 300 a 600 Kcal/dia,
divididas ao longo do dia, em torno
dos períodos de prática de exercício. 7
No que diz respeito à disfunção
menstrual, o aumento do peso
corporal com o adequado aporte
proteico e de hidratos de carbono
parece ser a melhor estratégia de
tratamento. O aumento de 5 a 10%
do peso corporal ou de 1 a 4kg de
peso foi associado à normalização
dos ciclos menstruais. 35-37 Destaca-
-se que não está indicada a pres-
crição de terapêutica hormonal
combinada (em formulação oral ou
não-oral) como orientação terapêu-
tica, podendo até deleteriamente
mascarar a amenorreia associada
ao RED-S que constituiu um dos
sintomas a rastrear na avaliação
da atleta feminina. Além disso, a
utilização de anti-contracetivos orais
não demonstrou benefício consis-
tente na melhoria da DMO de atletas
em amenorreia, comprometendo
adicionalmente a produção hepática
de IGF-1 pelo