Revista de Medicina Desportiva Informa Setembro 2018 | Page 11

a RM foi realizada pela manutenção de incapacidade funcional impor- tante e pelo não retorno à atividade desportiva. As imagens obtidas mostraram osteopenia de desuso e desmineralização óssea com padrão mosqueado, verdadeiramente anómala para um atleta submetido “apenas” a uma infiltração local, e característica de doentes com SDRC instalada. Habitualmente a osteo- penia é visível na RM a partir das 4-6 semanas de evolução da SDRC. A utilização de eletromiografia permitiu excluir a presença de lesão estrutural nervosa, cuja existência faria o diagnóstico de SDRC tipo II. Esta patologia cursa com tempos de tratamento habitualmente longos, pelo que a abordagem multidiscipli- nar constitui pedra fulcral no cor- reta abordagem e planeamento tera- pêutico. 11 A complexidade e raridade desta patologia num atleta de alta competição obrigou a uma profunda e constante discussão, procurando tirar partido das diversas valências instituídas no plano de tratamento do atleta. Apesar da não existência de protocolos consensuais, 12-14 e de forma a promover uma reabilitação precoce e completa, o atleta seguiu um programa completo de recupera- ção funcional de todo o atleta, uma vez que o mesmo encontrava-se sem competir há já alguns meses, aliado ao recurso da eletroestimulação per- cutânea, da fisioterapia e do comple- mento com agentes farmacológicos. A boa recuperação funcional obser- vada evitou o uso de bloqueios simpáticos, simpatectomia, terapia cognitiva comportamental, neuro- modulação e estimulação da neuro- plasticidade cerebral habitualmente utilizados nos processos crónicos e refractários. Em atletas de alta competição, onde todo o tempo sem competir é ainda mais importante, torna-se funda- mental explicar a patologia e envol- ver o atleta na necessidade de cum- prir um plano longo de tratamento para a resolução sem sequelas da SDRC. Entre 30 a 50% dos doentes com SDRC, especialmente os com diagnóstico e tratamento tardios, apresentam clínica recidivante e/ou sequelas irreversíveis na capacidade funcional do membro: dor e edema crónico, ulceração, infeção cutânea, distonias e mioclonias). 15 Neste caso clínico, revestido de particular interesse pela raridade clínica que representa, o plano de tratamento preconizado e realizado permitiu que o atleta voltasse à competição ao nível prévio à lesão verificando-se ausência de recidiva e de lesões sequelares do SDRC mui- tas vezes observadas e associadas a esta patologia. Os autores declaram não haver conflitos de interesse ou económicos. Correspondência para: ricardofilipeaido@ gmail.com Bibliografia 1. Goebel A et al: Complex regional pain syn- drome in adults: UK guidelines for diagnosis and manegement in a prymary and secondary care. London: RCP, 2012. 2. Harden, RN et al: S. Complex regional pain syndrome: Practical diagnostic and treatment guidelines, 4 th edition. Pain Medicine, 2013; 14(2):180-229. 3. Harden RN et al: Proposed new diagnostic criteria for complex regional pain syndrome. Pain Med, 2007; 8(4):326-31. 4. Pons T et al: Potencial risk factors for the onset pf complex regional pain syndrome tipe I: a systematic literature review. Anaesthesiology Reserche and Practice, 2015; 2015:95639. 5. Brukhner & Khan´s Clinica Sports Medicine, 2012; 4 th Edition. Austrália. Mc Graw Hill. 6. Santos DM et al: Síndrome dolorosa regional complexa tipo I num atleta de boxe. Rev Medi- cina Desportiva informa, 2015; 6(5):6-8. 7. Gaer B et al: Complex regional pain syndro- mes – type I: reflex sympathetic dystrophy and type II: causalgia. Bonica´s Management of Pain, 3 rd ed Lippincott Williams & Wilkins 2001; 389-408. 8. Martinez EM et al: Síndrome de dolor regional complejo. Semin Fund Esp Reumatol, 2012; 13(1)31-36. 9. Allen G et al: epidemiological review of 134 patients with complex regional pain syndrome assessed in a chronic pain clinic. Eur J Pain, 1999; 80:539-544. 10. Shurmann M et al: Imaging in early post- traumatic complex regional pain syndrome: a comparision of diagnostic methods. Clin J Pain, 2007; 23(5):449-457. 11. Harden RN et al: Interdisciplinary Manage- ment. In: Harden RN, ed. Complex Regional Pain Syndrome: Treatment Guidelines. Milford, CT: RSDSA Press; 2006:12–24. 12. Trand D et all: Treatment of complex regional pain syndrome: a review of the evidence. Can J Anesth, 2010; 57:149-66. 13. White A et al: Medical Acupuncture: A Wes- tern Scientific Approach, 2016; 2 nd . Elsevier. 14. Rowbotham MC: Pharmacologic management of complex regional pain syndrome, Clin J Pain, 2006; 22(5):425-9. 15. Van Der Laan L et al: Sever complications of reflex sympathetic dystrophy: infection, ulcers, chronic de ma, dystonia and myoclonus. Arch Phys Med Rehabil 1998; 79:424-9. 15.º Curso de Pós-Graduação em Medicina Desportiva Destinatários: Licenciados em Medicina / Mestrado Integrado em Medicina (Portugal, Brasil e PALOP) Programa Geral: • Bioquímica e farmacodinâmica • Fisiologia do exercício • Anatomia funcional • Ortotraumatologia e Reabilitação desportiva • Prevenção de lesões • Pneumologia e Alergologia • Cardiologia • Clinica médico-desportiva • Nutrição • Psicologia • Exame médico-desportivo • Urgências em Medicina Desportiva • Populações especiais • Temas específicos em Medicina Desportiva • Dopagem • Prescrição de exercício • Exercício em ambientes extremos • Avaliação médica do atleta de rendimento Duração: Outubro de 2018 a Julho de 2019, sábados, das 9h às 13h e 14h às 18h Frequência (2 opções): Presencial ou Videoconferência em direto ou diferido Candidaturas: Em www.spmd.pt até 10 de Setembro de 2018. O número de vagas é limitado. Revista de Medicina Desportiva informa setembro 2018 · 9