Revista de Medicina Desportiva Informa Novembro 2016 | Page 15

edema articular permitirá um melhor arco de movimento e melhor recrutamento muscular ; a redução da dor , por sua vez , irá diminuir a inibição muscular álgica .
• Aumento do recrutamento muscular voluntário : o aumento do recrutamento muscular irá permitir um maior controlo neuromuscular de todo o membro inferior .
• Restabelecimento da biomecânica e cinemática : readquirir a artrocinemática normal de todo o membro inferior .
• Fortalecimento da musculatura periarticular do joelho e estabilizadores da rótula : este fortalecimento irá permitir um melhor controlo neuromuscular passivo e ativo do membro inferior .
• Aumento da flexibilidade e mobilidade dos tecidos moles : bastante importante para readquirir a amplitude de movimento das articulação patelofemoral e tibiofemoral ( especial enfase nos músculos quadricípite , isquiotibiais , tricípite sural , banda iliotibial , retináculo e tecidos capsulares ).
• Aumento da proprioceção e do controlo neuromuscular : melhora a capacidade de resposta motora inconsciente através da ativação dos sinais aferentes e mecanismos centrais responsáveis pelo controlo dinâmico 21 .
• Normalização da marcha e corrida : suprimir os padrões antálgicos da marcha e otimização da corrida .
• Progressão funcional nas atividades : realização de atividades funcionais relacionadas com o trabalho ou desporto do paciente .
A abordagem conservadora deve ser multimodal e abordar os diferentes défices biomecânicos / neuromusculares e fatores de risco encontrados . Assim , deve incluir a educação do paciente , modificação da atividade , manutenção das expectativas , intervenções ativas ( exercício físico ) e intervenções passivas ( taping , estabilização funcional e agentes físicos ). Primeiramente , a sintomatologia clínica deve ser resolvida e reestabelecidos todos os défices biomecânicos e neuromusculares . Posteriormente , deve ser trabalhada a coordenação muscular e a capacidade de recrutamento e produção de força muscular . De seguida , é importante readquirir o controlo neuromuscular dos membros inferiores e do core . Assim que reestabelecidos todos os défices biomecânicos e neuromusculares , a preparação do indivíduo para as atividades desportivas deve ser realizada . Uma proposta de plano de intervenção é apresentada na Tabela 1 .
Tratamento cirúrgico da instabilidade rotuliana
Nos casos em que o tratamento conservador não mostre resultados satisfatórios , com luxações rotulianas recorrentes , o tratamento cirúrgico é recomendado . Outros fatores podem levar à opção pelo tratamento cirúrgicos : subluxação estática da rótula , fragmentos intra-articulares , desalinhamento biomecânico e displasia troclear 19 . As luxações recorrentes , para além de diminuírem o nível de competição ou prática desportiva , se não forem corrigidas podem levar a dor persistente e aparecimento de osteoartrose patelofemoral 20 . Assim , tem sido considerado a realização de cirurgia mais precoce em atletas de alta competição 21 .
Várias abordagens cirúrgicas têm surgido , com enfoque na reconstrução dos estabilizadores passivos da rótula , tais como a morfogeometria óssea ( procedimentos de realinhamento biomecânico ) ou do ligamento patelofemoral medial 3 , 22 . Estas abordagens têm como objetivo reestabelecer a estabilidade rotuliana , restaurar a normal artrocinemática do joelho e otimizar a transmissão das cargas na articulação 22 .
Retorno à competição
O retorno à competição deve ser baseado em critérios objetivos que permitam o jogador regressar de uma forma segura e sem risco de nova lesão . Estes critérios objetivos devem incluir 19 , 20 , 23 :
• Resolução da sintomatologia , especialmente da dor e do edema ;
• Restauração de todo o arco de movimento do joelho ;
• Não existência de sensação de instabilidade ;
• Diferença de força muscular ( isocinética ) abaixo dos 10 %, comparando com o membro inferior contralateral ;
• Estabilidade dinâmica da articulação patelofemoral , através de testes funcionais .
Conclusão
A instabilidade rotuliana , devido à sua multifatorialidade e alta taxa de recidiva , continua a desafiar a comunidade ortopédica e de medicina do desporto . Uma avaliação clínico-imagiológica e identificação dos fatores de risco e outros potenciais fatores que estejam a predispor o indivíduo à instabilidade rotuliana é a chave para desenhar o plano de intervenção desenhado para endereçar particularidades de cada indivíduo . Após reestabelecidos os défices identificados , é importante um acompanhamento prospetivo do indivíduo para manutenção das capacidades adquiridas e prevenir recidivas através de programas de prevenção secundária .
Agradecimento
Os autores agradecem a colaboração do atleta que se disponibilizou para ser fotografado na realização dos exercícios de exemplo para este artigo .
Bibliografia
1 . Sanchis-Alfonso V . Anterior knee pain and patellar instability . Springer Science & Business Media . 2011 .
2 . Grelsamer RP . Patellar nomenclature : the tower of babel revisited . Clin Orthop Relat Res . 2005 : 436,60-65 .
3 . Arendt EA , Dejour D . Patella instability : building bridges across the ocean a historic review . Knee Surg Sports Traumatol Arthrosc . 2013 : 21 ( 2 ), 279-293 .
4 . Leal A , Pereira R , Pereira H , Silva FS , Flores P , Espregueira-Mendes J . Patellofemoral evaluation : do we need an objective kinematic approach ? The Patellofemoral Joint . Springer . 2014 : 37-44 .
5 . Boling M , Padua D , Marshall S , Guskiewicz K , Pyne S , Beutler A . Gender differences in the incidence and prevalence of patellofemoral pain syndrome . Scand J Med Sci Sports . 2010 : 20 ( 5 ), 725-730 .
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