Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2018 | Page 27
sem carga, assim como um tempo
altamente discrepante no retorno à
atividade desportiva (3 a 7 meses). A
literatura não apresenta orientações
uniformes relativamente à extra-
ção do material implantado sendo
uma área controversa. No entanto,
normalmente é efetuada sensivel-
mente aos seis meses após cirurgia,
consoante a necessidade de retirar o
material implantado. 10,21-23
Como conclusão, refira-se que o
termo lesão de Lisfranc compreende
um diverso espectro de lesões, o que
por si só revela a complexidade do
tema. Estas lesões podem acarretar
instabilidade e deformidade, o que
provocará degeneração articular com
consequências devastadoras para
o atleta. É de especial importância res-
salvar que o papel do clínico é da mais
alta relevância na identificação de
lesões subtis ligamentares típicas na
população atlética, pois são precisa-
mente estas que são mais difíceis de
identificar, sendo que diversos meios
de imagem podem ser utilizados para
o correto diagnóstico. O tratamento
pode variar entre conservador e
cirúrgico consoante a estabilidade e a
presença ou não de luxação. No trata-
mento cirúrgico a fixação por diferen-
tes métodos ou a artrodese primária
são opções viáveis, no entanto, esta
última técnica não é recomendada
para a população atlética.
Agradecimentos
Sra. Enfermeira Sandra Martins pela
colaboração na recolha de material
fotográfico.
Os autores declaram não haver conflitos
de interesse ou económicos.
Correspondência para:
Luís Duarte Silva, Clínica do Dragão,
Espregueira-Mendes Sports Centre – FIFA
Medical Centre of Excellence, Porto.
[email protected]
Bibliografia
1. Stavlas P, Roberts CS, Xypnitos FN, Gian-
noudis PV. The role of reduction and internal
fixation of Lisfranc fracture-dislocations: a
systematic review of the literature. Int Orthop.
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2. Peicha G LJ, Seibert FJ, Grechenig W, Wei-
glein A, Preidler KW, Quehenberger F. The
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dislocation and fracture-dislocation. J Bone
Joint Surg Br. 2002; 84-B.
Restante Bibliografia em:
www.revdesportiva.pt (A Revista Online)
A FDA americana aprovou o 1.º teste
sanguíneo (Indicador de Trauma Cere-
bral – ITC) para a avaliação da lesão
traumática cerebral ligeira, a concus-
são cerebral. Esta ocorre com alguma
frequência no quotidiano, mas de modo
mais sensível no desporto. Neste, e em
particular no futebol, onde existe limite
de substituição de jogadores (3), a
tarefa do médico é muito difícil, pois as
queixas nem sempre são evidentes, a
avaliação nem sempre é conclusiva e o
jogador habitualmente refere estar bem
e mais tarde vem-se a descobrir que
ele até tinha tido amnésia! A concus-
são cerebral é uma entidade frequente
e muito preocupante, pois de acordo
com o Centers for Disease Control and
Prevention, em 2013, houve 2,8 milhões
de idas à Urgência por lesões cerebrais
traumáticas (75% foram concussões
cerebrais), tendo morrido 50 mil pes-
soas. Naturalmente que a maioria
teve TAC cerebral negativo. A criação
de um teste sanguíneo irá reduzir a
realização de TACs nestes traumati-
zados, “potencialmente salvando o
sistema de saúde de custos, muitas
vezes desnecessários em exames de
neuroimagem”. É também neste con-
texto que a “FDA apoia a iniciativa
Reduce Unnecessary Radiation Exposure
from Medical Imaging, numa perspetiva
de garantir que cada doente o bterá o
exame adequado, no momento certo
e com o mínimo de exposição à radia-
ção”, refere o comissário da FDA, o Dr.
Scott Gottlieb. Este ITC mede nas 12
horas seguintes os níveis de proteínas
UCH-L1 e GFAP, libertadas pelo cérebro
para a circulação sanguínea. Este teste
“ajudará a predizer que traumatizados
sofreram lesões intracranianas visíveis
na TAC”. Contudo, parece ser um teste
bom em contexto hospitalar, mas não
inexequível no terreno de jogo, pois
os resultados apenas estarão dispo-
níveis após 3-4 horas. A expetativa é
grande e num estudo multicêntrico,
realizado em 1947 traumatizados de
crânio, “o ITC foi capaz de predizer a
presença de lesão intracraniana em
97.5% das vezes e negar a existência
em 99.6% das vezes”. Ou seja, a ausên-
cia das duas proteínas no sangue é um
bom indicador de que a TAC será tam-
bém normal, permitindo que em pelo
menos 1/3 dos traumatizados não seja
necessária a realização da TAC. Ref.
https://www.stl.news/first-blood-test-
-help-diagnose-brain-injuries-gets-us-
-ok/87018/ (14fev018). Dr. Basil Ribeiro
(Continuação da página 11)
Como se tratava de uma atleta com o
objetivo de aumentar a intensidade e
o volume de exercício (predominan-
temente dinâmico), pelo baixo risco
de complicações do procedimento
quando realizado em centros de refe-
rência e pela elevada taxa de sucesso
(>95%), optou-se por realizar ablação.
A Sociedade Americana de Cardio-
logia 7 recomenda o estudo eletrofi-
siológico invasivo, em atletas assin-
tomáticos, apenas se a via acessória
não for considerada de baixo risco.
Segundo a Sociedade Europeia de
Cardiologia 5 , a estratificação de
risco através de estudo eletrofisio-
lógico está recomendada a todos os
atletas, independentemente do nível
competitivo. Enquanto existir esta
discrepância, parece-nos adequado
que todos os atletas com padrão
eletrocardiográfico de WPW sejam
observados por eletrofisiologista para
estratificação de risco através do
estudo eletrofisiológico. A decisão de
ablação deve ser tomada caso a caso,
após o balanço do risco-beneficio.
Bibliografia
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Association and American College of Cardio-
logy. Circulation. 2015 Dec 1; 132(22).
Os autores negam a existência de confli-
tos de interesses.
Correspondência:
Telma Miragaia
[email protected]
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