Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2018 | Page 20

tibiotársica. No estudo de Mchugh foi avaliada a incidência da entorse no tornozelo por trauma indireto, antes e depois da intervenção, em 175 jogadores de futebol. 13 A inter- venção teve a duração de três anos e consistiu num protocolo de treino de equilíbrio e de estabilidade num rolo de espuma. Em cada época despor- tiva este protocolo foi aplicado por 5 dias por semana, durante 4 semanas na pré-temporada e duas vezes por semana durante a temporada. Os resultados obtidos demonstraram que existiu redução das ocorrên- cias de entorse de tornozelo após a intervenção, o que está de acordo com resultados obtidos por outros autores. 14,15 O treino de equilíbrio permite a diversificação dos estímulos senso- riais aplicados ao atleta, a melhoria da propriocetividade e do controlo postural. 15 Consegue-se, concomi- tantemente, uma transferência positiva para as situações reais de treino e de competição, nas quais existe por vezes alguma irregulari- dade do terreno de jogo e abordagem e contacto do pé com solo diversa. Resumindo, a inclusão de treino de equilíbrio e de exercícios que desa- fiam o controlo neuromuscular vai permitir a prevenção de lesões no joelho e tornozelo. • Treino do Core TSE M e at al referem que o Core engloba o conjunto de músculos da pélvis e do tronco (Figura 3), respon- sáveis por manter a estabilidade da coluna vertebral e da bacia, os quais são críticos para a transferência de energia desde o tronco para as extre- midades. 16 Destaca-se um conjunto de músculos predominantemente constituídos por fibras lentas, mais profundos e que têm ação local, tais como o transverso do abdómen, o multifidus, o pequeno oblíquo, o transverso do abdómen, os mús- culos diafragmáticos e os múscu- los do pavimento pélvico, e uma musculatura mais superficial com maior proporção de fibras rápidas. Neste último grupo identificamos o grande oblíquo, o reto abdominal, o quadrado lombar e os eretores da coluna. Incluem-se ainda, enquanto constituintes do core, os músculos da região da anca, nomeadamente o grande e o médio glúteo. Os múscu- los identificados, sejam do tronco ou da região da anca, terão de ser fortes e funcionais para darem estabili- dade ao centro. A preservação desta estabilidade da região central do tronco será depois essencial para o bom funcionamento das extremida- des inferiores. No futebol, o típico exercício muitas vezes prescrito de flexão sucessiva do tronco, vulgo abdomi- nal para treinar reto abdominal não serve as necessidades dos jogadores e pode aumentar risco de lesão na coluna lombar. 17 Já existe atual- mente um conjunto de exercícios diferenciados que permite um treino eficaz da musculatura do core, como por exemplo o pallof press, o agacha- mento, o levantamento terra, o lift, entre outros. Figura 3 – Músculos do core Ref. https://dicasdemusculacao.org/wp-content/uploads/musculos-do-core.jpg 18 março 2018 www.revdesportiva.pt • Treino de pliometria Na maioria dos gestos desporti- vos, e no futebol não é exceção, os músculos não funcionam de forma puramente concêntrica, excêntrica ou isométrica, mas funcionam num ciclo muscular de alongamento- -encurtamento. Ao alonga- mento muscular sucede-se a fase de encurta- mento (exemplo da corrida ou salto). Ou seja, o ciclo muscular de alongamento- -encurtamento caracteriza-se pela produção de uma ação dinâmica concêntrica potente que é imedia- tamente antecedida de uma ação dinâmica excêntrica do mesmo músculo e é treinável através de exercícios pliométricos. O objetivo do treino de pliometria é diminuir o tempo entre o final da contração muscular excêntrica e o início da contração concêntrica. Este tipo de treino visa conferir a capacidade de treinar padrões de movimento específicos biomecanicamente corretos, fortalecendo o músculo, o tendão e o ligamento de forma mais funcional. Deste modo, associada ao treino de agilidade, a pliometria terá uma ação importante na prevenção de lesões ligamentares no joelho e tornozelo. 18 Por outro lado, a plio- metria permite melhorar os valores obtidos no salto vertical, velocidade e potência muscular nos jogado- res de futebol. 19 Certamente que este aumento dos valores de força permitirá melhorar a economia de esforço e minorar a probabilidade de lesão. • Utilização da libertação miofascial antes do treino ou competição Para a libertação miofascial auto- -induzida tem-se utilizado os rolos terapêuticos, ou foam rollers, que são de utilização simples e dispensam ajuda externa. Este método de treino de flexibilidade diminui as adesões fasciais, previne e corrige encurta- mentos musculares, contribui para a correção de alterações posturais e permite a melhoria da amplitude de movimento e da força. 20,21 Fun- damenta-se que a pressão aplicada pelo rolo terapêutico vai desativar o nódulo através da estimulação dos órgãos tendinosos de Golgi, num processo que se denomina de inibição autogénica. Deste modo, consegue-se restaurar o sistema miofascial, eliminando os mecanis- mos propriocetivos desencadeadores da dor/disfunção. 5 Os jogadores de futebol poderão aplicar as técnicas de libertação miofascial nos grupos musculares em que existam os nódulos ou ade- sões musculares, na fase de aque- cimento, antes do trabalho cardior- respiratório ou na fase de retorno à