Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2018 | Page 19

(Figura 1), em que a análise da quali- dade do movimento na vista anterior, lateral e posterior permite recolher dados importantes, tais como: varo ou valgo dos joelhos, manutenção ou não do tronco em posição neutra, elevação ou não do calcanhar, etc. 5 Outra bateria de testes que se pode utilizar é o Functional Move- ment Screening (FMS) (Figura 2). Este conjunto de testes pretende avaliar a qualidade dos padrões de movi- mento fundamentais para que se possa identificar presumíveis limita- ções ou assimetrias do atleta. O FMS inclui sete testes que são cotados em uma escala ordinal de 0 a 3. Os sete testes são: agachamento, trans- por um obstáculo, afundo, mobili- dade do ombro, flexão coxofemoral de modo ativo em decúbito dorsal, push-up e estabilidade na rotação. 6 A pontuação de 3 indica que o movimento foi concluído conforme as instruções e não apresenta qual- quer compensação de movimento e dor. O score de 2 indica que o atleta completou o movimento livre de dor, mas com algum nível de compensa- ção, e a pontuação de 1 indica que o atleta não conseguiu completar o movimento conforme as instru- ções. Um 0 é atribuído se o atleta experimenta dor em qualquer parte do movimento. Dos sete testes que compõem o FMS, cinco deles (trans- por um obstáculo, afundo, mobili- dade do ombro, flexão coxofemoral de modo ativo em decúbito dorsal e estabilidade na rotação) são realiza- dos e classificados separadamente para os lados direito e esquerdo do corpo. Ao atribuir a pontuação para um teste, que incorpora o lado esquerdo e direito, o menor dos dois resultados é utilizado para a pon- tuação final. A pontuação geral FMS pode variar de 0 a 21. 7 Vários estudos têm utilizado o valor de 14 como limite crítico, enquanto preditor de lesão 8,9 e referem que o risco de lesão é superior em atletas cuja pontuação total é inferior a 14. 7,8 Kiesel e col. analisaram, retrospectivamente, a relação entre a pontuação FMS para jogadores de futebol americano e a probabilidade de lesão. As pontua- ções FMS foram obtidas na pré-tem- porada em 46 jogadores. Concluiu-se que a probabilidade de lesão foi 11,7 vezes superior em jogadores com uma pontuação total inferior a 14 pontos. 8 O objetivo da avaliação funcio- nal com bateria de testes da FMS, o overhead squat ou vários outros testes, tais como o teste de equilíbrio unipo- dal, destina-se a determinar a exis- tência de alguma falha na estratégia de estabilização e/ ou movimento do jogador para atuação preventiva. sividade e adaptação durante o período competitivo, com intensi- dade e volume ajustados. Alguns dos exercícios que poderão ser realizados são o exercício nórdico ou o exercício de leg curl. Os jogado- res com valores acima dos limites críticos de força na relação isquio- peroniotibiais / quadricípite têm menor número de ocorrências e de reincidências de lesões musculares dos músculos isquiotibiais. 11 Numa perspetiva mais holística de reforço de musculatura do trem inferior, o agachamento pode ser conside- rado uma ótima opção de treino de força, devendo os atletas, sempre que a situação clínica o permita, realizar uma grande amplitude de movimento (agachamento completo) para maior participação muscular do grande glúteo. 12 • Respeitar os rácios de força fun- cional ideais do corpo No trem inferior deverá existir uma relação ótima de 100-60/70% (valores de força concêntrica) entre musculatura posterior e anterior da coxa. Ou seja, os músculos quadricí- pites deverão ser capazes de produ- zir valores mais elevados de força dos que os músculos isquioperonio- tibiais (IPT), mas estes últimos não deverão ser bastante mais fracos que os primeiros, o que sucede • Treino de equilíbrio muitas das vezes. A alteração desta Os exercícios de equilíbrio, rea- relação coloca os músculos posterio- lizados com ou sem superfícies res da coxa e o ligamento cruzado instáveis, previnem e auxiliam na anterior em maior risco de lesão. A recuperação de lesões a nível da relação ótima é de 1:1 na comparação entre o valor de força excêntrica dos músculos IPT e o valor de força concên- trica do quadricípite. 10 Na pers- petiva de Figura 1 – O Overhead Squat Ref. https://dta0yqvfnusiq.cloudfront.net/thefitnesstraineracademy/2015/10/image04.png contrariar a fragilidade dos músculos posteriores da coxa dos joga- dores de fute- bol, sugere-se a inclusão de sessões de treino de força para esta musculatura numa fase preparató- ria da época desportiva e também pos- teriormente, respeitando os princípios Figura 2 – Os testes do Functional Movement Screening de progr