Revista de Medicina Desportiva Informa Maio 2020 | Page 5
Rev. Medicina Desportiva informa, 2020; 11(3):3-5.
https://doi.org/10.23911/FMUP_2020_maio
Head and Neck Injuries Associated
With Cell Phone Use 1
Resumo e Comentário
Dra. Elisa Costa Moreira
Médica Interna de Formação
Específica em Medicina Física
e de Reabilitação no Centro
Hospitalar Tondela-Viseu, EPE
Na sociedade contemporânea, o
telemóvel destaca-se pela sua
generalização e rapidez com que foi
globalmente aceite, tendendo a ser
utilizado com frequência crescente.
É uma tecnologia completamente
integrada no quotidiano, na medida
em que os seus utilizadores a consideram
natural e sempre disponível.
Mas se por um lado se tornou numa
ferramenta quase indispensável do
dia-a-dia da sociedade, por outro,
representa um potencial risco para
a saúde pública, por se comportar
como um importante elemento de
distração. O alucinante desenvolvimento
tecnológico que hoje se
vive, rapidamente transformou o
simples aparelho móvel, que apenas
realizava e recebia chamadas, numa
máquina superinteligente, capaz de
realizar uma infinidade de funções:
o smartphone.
As lesões resultantes do uso do
telemóvel têm sido cada vez mais
relatadas, em grande parte no contexto
de incidentes relacionados com
a condução, mas outros mecanismos
de lesão têm sido igualmente notificados.
Os smartphones modernos são
substanciais em tamanho e no peso
e, em circunstâncias particulares,
podem mesmo causar danos físicos,
como as lacerações traumáticas acidentais
da face. Estas lesões podem,
por vezes, representar uma fonte
significativa de carga de doença contribuindo
para elevar níveis de ansiedade
e diminuição da autoestima.
Estudos mostram que as lesões
associadas ao uso do telemóvel são
mais frequentes entre os adolescentes.
A maioria dos projetos de saúde
pública para a prevenção da doença
alerta a população para o elevado
risco do uso do telemóvel durante a
condução. Mais recentemente, tem
sido dado mais ênfase aos perigos
associados aos jogos de expansão da
realidade virtual, do qual é exemplo
o Pokémon Go. Este tipo de jogos
transformam o indivíduo na personagem
principal do jogo e colocam-
-no a percorrer a via pública num
cenário de jogo virtual, com risco
inerente de acidentes por distração
ou mesmo alheamento do que se
passa à sua volta.
Estará o uso crescente do
telemóvel associado ao aumento
de lesões da cabeça e pescoço?
Partindo do pressuposto que aproximadamente
96% dos americanos
têm telemóvel e que cerca de 5%
das admissões no serviço de urgência
se deve a traumatismos da
cabeça e do pescoço, Povolotskiy, et
al. tentaram estabelecer uma relação
entre o uso do telemóvel e as
lesões da cabeça e do pescoço. Para
tal, realizaram um estudo transversal
retrospetivo, recorrendo a uma
base de dados nacional, de indivíduos
com lesões da cabeça e do
pescoço, relacionadas com o uso de
telemóveis, admitidos nos serviços
de urgências dos Estados Unidos da
América (EUA), entre janeiro de 1998
e dezembro de 2017. Calcularam
a incidência, os tipos e os mecanismos
de lesão relacionados com
o uso do telemóvel na população
dos EUA. As principais conclusões
foram as seguintes:
• Houve um aumento explosivo
de lesões da cabeça e do pescoço
relacionadas com o uso do telemóvel
a partir de 2007, período
que coincide com o lançamento
do primeiro grande smartphone de
sucesso no mercado americano, o
iPhone (Apple Inc).
• O diagnóstico mais comum na
análise realizada foi a laceração,
seguida pela contusão e abrasão.
Outro diagnóstico com elevada prevalência
foi a lesão de órgão interno,
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