Revista de Medicina Desportiva Informa Maio 2020 | Page 6
onde se incluem o hematoma subdural
e a contusão cerebral.
• A taxa de lesões por mecanismo
direto (por exemplo, explosão da
bateria do telemóvel ou telemóvel
embater no rosto) foi muito mais
elevada em doentes com idade
inferior a 13 anos do que em qualquer
outra faixa etária.
• A maioria das narrativas descreveram
os pais a ferir acidentalmente
os seus filhos com o telemóvel ou
a própria criança a ferir-se acidentalmente
a ela própria.
• A taxa de lesões devido a distração
foi mais elevada na faixa etária
entre 13 e 29 anos. A maioria destas
lesões associadas ao uso do telemóvel
ocorre nos jovens quando estes
vão a conduzir, a caminhar ou a
escrever mensagens.
E em Portugal?
Dados da Marktest indicam ser mais
de nove milhões os utilizadores de
telemóvel em Portugal, valor que
representa 96,5% dos residentes
em Portugal Continental com 10 e
mais anos. A posse de telemóvel tem
registado um crescimento constante
nos últimos anos, passando de 76,6%
em 2004 para os 96,5% observados
em fevereiro de 2018. Os resultados
mostram ainda que a taxa de penetração
está próxima dos 100% entre
os cidadãos entre os 15 e os 44 anos.
Igualmente, de acordo com dados da
Marktest, três em cada quatro telemóveis
dos portugueses são smartphones. 3
Dados estatísticos da Associação
Portuguesa das Sociedades Concessionárias
de Autoestradas ou Pontes
com Portagens (APCAP) indicam que
os acidentes rodoviários por distração,
onde se incluem os provocados
pelo uso do telemóvel ao volante,
são responsáveis por 32% dos desastres
nas autoestradas portuguesas. 2
Com base nestes dados, parece
haver necessidade de educação
pública acerca dos riscos do uso do
telemóvel concomitantemente com
outras atividades, como a condução.
Com o número crescente de dispositivos
e aplicações que competem
pela atenção dos utilizadores, é mais
importante do que nunca garantir o
uso seguro dos smartphones.
Bibliografia
1. JAMA Otolaryngol Head Neck Surg. 2019
Dec 5. doi: 10.1001/jamaoto.2019.3678.
[Epub ahead of print].
2. Anuário Estatístico de Segurança Rodoviária
– Comité permanente CP 2 ambiente e
segurança. 2018.
3. 3 em 4 utilizadores de telemóvel usa
smartphone; 2018. Disponível em: https://
www.marktest.com/wap/a/n/id~2350.aspx.
Acesso em janeiro de 2020.
Effects of sedentary behavior
interventions on biomarkers of
cardiometabolic risk in adults:
systematic review with metaanalyses
1
Introdução
Dr. Antony Fernandes Nogueira
Médico Assistente de Medicina
Geral e Familiar Pós-graduado
em Climatologia e Hidrologia
pela FMUP
Extensão de Monte Real e
Carvide. UCSP Norte – ARS Centro
A atividade física tem um papel
decisivo na saúde e no bem-estar
das populações ao estar diretamente
associada à prevenção de doenças
crónicas, tais como as doenças
cardiovasculares. A designação
“atividade física” engloba qualquer
tipo de movimento realizado pelo
aparelho musculosquelético, do
qual resulta um consumo de energia
acima dos valores obtidos em
repouso. Para a população adulta em
geral (excluindo algumas especificidades
na prescrição de exercício
em grupos de risco, como o caso da
diabetes, de grávidas ou idosos) está
recomendada a prática de exercício
físico moderado com a duração de
150 minutos/semana repartido por
3-5 sessões associada a exercícios
que contribuem para melhorar e/ou
manter a força, a resistência muscular
e o equilíbrio. 2
No entanto, o estilo de vida das
sociedades atuais traduz-se em
comportamentos crescentemente
menos ativos, estando a economia
sustentada em profissões muito
sedentárias. Uma população com
níveis de atividade muito inferiores
aos recomendados tem maiores
custos para a saúde, quer através
de custos diretos, no âmbito da
utilização dos serviços de saúde
relacionados com o surgimento ou
agravamento de patologias, quer
por meio de custos indiretos, como
o caso do absentismo ou da produtividade
limitada. Sabe-se, hoje, que
os comportamentos sedentários
têm impacto negativo na saúde,
independente do nível de atividade
física individual. Isto é, um individuo
considerado ativo, que cumpre com
as orientações/recomendações de
atividade física, tem prejuízo para a
sua saúde caso tenha, concomitantemente,
comportamentos sedentários
de longa duração, como ocorre
na atividade profissional com longas
horas seguidas sentado.
Por forma a combater os malefícios
do sedentarismo são conhecidas
algumas estratégias com o intuito
de reduzir o tempo de inatividade
física na população geral: comunicações
de grupo sobre as vantagens da
atividade física; programas comunitários
apoiados por recursos locais/
regionais; políticas promotoras de
transporte ativos; uso de dispositivos
eletrónicos; sessões de exercício
físico integradas no horário de trabalho
ou intervenções no ambiente
laboral (pausas ativas, mesas elevatórias,
etc.).
Vários estudos publicados até ao
momento têm apontado para a eficácia
destas estratégias de mudança
comportamental na redução do
tempo de inatividade física, nomeadamente
no controlo de alguns marcadores
de risco cardiovascular. No
entanto, falta perceber o verdadeiro
impacto ao nível dos benefícios na
saúde, das estratégias enunciadas
quando prolongadas no tempo.
O sedentarismo em Portugal
Em Portugal, e de acordo com os
dados fornecidos pelo Inquérito
Alimentar Nacional e de Atividade
Física 2015/2016, cerca de 45% da
população inquirida, com idade
igual ou superior a 14 anos, admitiu
ser sedentária e apenas 27%
cumpria as recomendações internacionais
para a atividade física. 3 No
que diz respeito a comportamentos
sedentários, cerca de dois em
cada três dos adultos portugueses
admite passar mais de 7 horas num
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