Revista de Medicina Desportiva Informa Maio 2020 | Page 4
Entrevista
Rev. Medicina Desportiva informa, 2020; 11(3):2. https://doi.org/10.23911/entrevista_2020_05
Dr. J. Novais de Carvalho
Medicina Desportiva.
Diretor do Centro Médico de
Apoio ao Desporto. Guimarães
Dr. Novais de Carvalho tem já
um percurso muito longo na
Medicina Desportiva (MD),
não é?
Eu concluí a Licenciatura em
Medicina no Porto, em 1978. Na
época de 1980/81 ingressei no
Vitória Sport Clube e trabalhei
no futebol juvenil, mais tarde
também no futebol profissional
e de 1988 a 2001 apenas neste,
mas continuando a apoiar as modalidades
amadoras do Clube como
já vinha acontecendo. Fui nomeado
Diretor Clínico do Departamento
Médico do Vitória Sport Clube.
Entretanto, apoiei outros clubes de
futebol dos campeonatos regionais
e distritais e clubes com outras
modalidades desportivas. Estive no
Departamento Médico do Boavista
Futebol Clube SAD de 2004/2005
a 2006/2007. Em 1995 frequentei o
curso de Mestrado em MD na Faculdade
de Medicina do Porto e em 2003
obtive o título de especialista em MD
pela Ordem dos Médicos. Integrei a
Direção do Colégio de Especialidade
de MD da Ordem e integro a direção
da Sociedade Portuguesa de MD.
Sou associado fundador e membro
da Mesa da Assembleia Geral da
Associação Nacional dos Médicos do
Futebol e sou fundador e diretor do
Centro Médico de Apoio ao Desporto
de Guimarães (CMAD)/Centro de
Medicina Desportiva (CMDG).
Durante muito anos foi médico do
Vitória. Foi uma boa experiência?
Servir o meu clube foi uma honra
e um enorme desafio. Desde logo a
importância de me adaptar á vida do
clube, saber estar de modo a poder
exercer em pleno a função num
meio diferente, com características
muito próprias. Viver com a diferença,
a dedicação, a exigência ao
nível dos conhecimentos em atualização
permanente para um trabalho
adequado junto da equipa, dos
atletas e da equipa técnica do clube.
Foram 21 anos em que tive de fazer
as minhas escolhas no que se refere
á minha carreira (MGF/MD), em equilíbrio
com a minha família, que saiu
prejudicada pela intensidade vivida
no clube. No entanto, foram anos
que marcaram muito positivamente
a minha vida. Trabalhei com pessoas
muito interessantes. Estabeleci ligações
fortes e até de amizade. Foi para
mim uma escola para a vida.
Desde 05-09-2005 que é diretor
do Centro Médico de Apoio
ao Desporto (CMAD). Quais os
objetivos do CMAD? Quais as suas
funções?
O CMAD/CMDG assume-se como
um serviço social vocacionado para
todos os desportistas, estejam ou
não integrados nos sistemas federados
ou escolares. É gerido administrativamente
pela Tempo Livre e
tem o apoio da Câmara Municipal de
Guimarães. Tem protocolo assinado
com o IPDJ no sentido de integrar
a rede dos Centros de Medicina
Desportiva. Tem como objetivos:
realização do exame médico-desportivo
para a prática desportiva
federada, escolar e informal; prestação
de serviços médico-desportivos;
acompanhamento médico permanente,
incluindo outras especialidades
(cardiologia, medicina física e
reabilitação, pneumologia, nutrição,
psicologia); apoio técnico á atividade
física informal através do acompanhamento,
avaliação e rastreio da
condição física. Como diretor, coordeno
e acompanho toda a atividade
do Centro em estreita colaboração
com o diretor clínico, o Dr. António
Lourenço, cardiologista do Hospital
Senhor da Oliveira. A equipa multidisciplinar
integra médicos de
várias especialidades, enfermeiros,
profissionais da Educação Física, e o
excelente e dedicado Secretariado.
Toda a equipa realiza as Jornadas
Científicas sob a responsabilidade do
Dr. Rui Vaz.
Tem também sido muito ativo no
Colégio de Especialidade de Medicina
Desportiva. Tem valido a pena?
Integrei a direção do Colégio de Especialidade
de MD durante vários mandatos,
constituída por um grupo de
colegas com experiência, competentes
e conhecedores dos problemas que a
especialidade vivia. Foram estabelecidas
estratégias para dar mais força á
especialidade, o que aconteceu com a
entrada de novos especialistas através
dos exames de especialidade e todo o
trabalho que foi realizado nas diversas
vertentes da MD, culminando na
criação da formação específica âmbito
do Ministério da Saúde.
Mas também está envolvido em
outras atividades sociais que não
médicas…
Participo ativamente na vida social
na minha comunidade em Guimarães,
sou Juiz/Presidente da Mesa
Gerente da Irmandade de São Torcato
da minha terra natal, a qual está
envolvida em muitas ações (Centro
Social, banco de apoio social, conclusão
das obras do Santuário de São
Torcato, que decorrem já há cerca de
200 anos, requalificação dos parques
circundantes ao santuário, museu).
Fui deputado na Assembleia Municipal
de Guimarães e sou membro ativo
do Lyons Club de Guimarães.
A MD tem evoluído bastante. Acha
que está no caminho certo? O que
faz falta ainda fazer?
Há profissionais muito bem preparados
para o exercício da MD nos clubes,
nas federações e em outras Instituições.
A direção do Colégio está
a fazer bom trabalho, a Sociedade
Portuguesa de MD está a fazer um
importante trabalho na formação, as
Faculdades estão a trabalhar na formação
e investigação, os médicos de
modo individual dedicam-se, trabalham
e investigam, a informação tem
sido bastante divulgada (realce para
a presente Revista). Há, contudo,
necessidade de reforçar e apoiar os
Centros de Medicina Desportiva. Será
importante que todos se articulem,
porque todos juntos potenciam o
que de bom está a ser feito em prol
da Medicina Desportiva, a nível
nacional e também internacional.
2 maio 2020 www.revdesportiva.pt