Revista de Medicina Desportiva Informa Maio 2020 | Page 22
desenvolvidas. O fármaco desta
classe em fase mais avançada de
desenvolvimento (Peginesatide) foi
removido do mercado pouco tempo
após o início da sua comercialização,
devido a um elevado número de
reações de hipersensibilidade. 4
3. Inibidores do TGF-beta
Neste grupo incluem-se fármacos
como o Luspatercept. São proteínas
de fusão que promovem a diferenciação
e proliferação dos progenitores
eritrócitários. Esta classe não
tem ainda nenhum fármaco aprovado
para uso clínico. 4
4. Agentes ativadores/estabilizadores
do HIF
A eritropoiese pode ser modulada
por fármacos que atuam a montante
da EPO. O HIF (Hypoxia-inducible
factor) é um fator de transcrição
que é rapidamente degradado em
condições de normóxia. Em hipóxia
estabiliza, favorecendo a expressão
de genes que promovem a adaptação
do organismo a ambientes
pobres em O 2
. Entre essas adaptações
inclui-se o aumento da produção
de eritropoietina endógena e
a promoção da neovascularização.
Neste grupo incluem-se substâncias
como o Molidustat e o Roxadustat
(já aprovado para uso clínico em
alguns países). Têm a vantagem de
poder ser administrados por via oral
e, mesmo antes da sua aprovação, já
vários atletas tinham testado positivo
para estas substâncias. 4
Estudos experimentais demonstraram
também o potencial ativador
da HIF de elementos como o árgon
(removido da Lista de Substâncias
proibidas para 2020), xénon e
cobalto. 10,11 Uma análise recente
feita a alguns produtos vendidos
online revelou a presença disseminada
de estabilizadores e ativadores
do HIF. 12
Substitutos do sangue (M1)
Trata-se de um conjunto de substâncias
que têm a capacidade de
se ligar ao O 2
e transportá-lo até ao
tecido-alvo. A maioria encontra-se
ainda em fase de desenvolvimento
ou foi apenas aprovada para uso
veterinário. Não houve ainda casos
positivos com substâncias desta
classe. No entanto, rusgas policiais
no seio da comunidade desportiva já
resultaram na apreensão de alguns
destes produtos.
1. Perfluorocarbonos (PFC)
São substâncias relacionadas com
o teflon com capacidade de dissolver
O 2
e outros gases respiratórios.
As elevadas pressões parciais de
O 2
, indispensáveis para que os
atuais PFC dissolvam a quantidade
de O 2
necessária, limitam para já
a sua utilização como substância
dopante. 4
2. Transportadores de O 2
baseados
na Hb (HBOC)
Diferentes fatores contribuem para
que a utilização da Hb na sua forma
livre seja por agora impraticável.
Têm sido feitas tentativas para
modificar a molécula, reduzindo a
sua reatividade, e para encontrar
tipos alternativos em diferentes
espécies. A investigação nesta área
tem sido muita, havendo já algumas
moléculas (Hemopure®) aprovadas
para tratamento da anemia aguda. 4
3. Modificadores da hemoglobina
Fármacos desta classe (Efaproxiral)
mimetizam os efeitos do 2,3-bifosfoglicerato,
desviando para a direita
a curva de dissociação da Hb e
aumentando a libertação de O 2
nos
tecidos-alvo. Não há ainda fármacos
desta classe aprovados para uso
clínico. 4
4. Eritrócitos artificiais
A produção de eritrócitos artificiais a
partir de células estaminais encontra-se
ainda em fase de desenvolvimento,
não havendo ainda nenhum
produto relacionado no mercado.
Quadro – Datas marcantes na história da dopagem sanguínea
Eventos relacionados com a dopagem Ano Eventos relacionados com antidopagem
1ºs Jogos Olímpicos 800 AC
Introdução das anfetaminas 1920s
Introdução dos esteroides anabolizantes 1954
Transfusões de sangue populares entre atletas 1970s
Introdução da EPO recombinante 1989
Pantani com Hct de 60,1 em admissão hospitalar. Rumores de
valores semelhantes noutros ciclistas
1928 IAAF bane a dopagem
1966 FIFA e UCI introduzem controlos antidopagem
1967 Comissão médica do COI publica 1ª lista de substâncias e métodos
proibidos
1985 Proibição da dopagem sanguínea
1994 Introdução da análise de amostras sanguíneas
1995
Caso Festina 1998
Casos positivos para EPO 2ª geração 2002
Operação Puerto 2006
2000 Validado 1º teste para detetar EPO recombinante
2003 1º Código Mundial Antidopagem
Casos positivos para EPO 3ª geração (CERA) 2008 Introdução do passaporte biológico
Caso Lance Armstrong 2012
Programa de dopagem russo 2016
2014 Estabilizadores da HIF, árgon e xénon acrescentados à Lista
20 maio 2020 www.revdesportiva.pt