Revista de Medicina Desportiva Informa Maio 2019 | Page 9
saber se a revisão periódica do
Plano de Emergência inclui o ensino,
demonstração e simulação do mesmo
junto dos jogadores e de todos os
profissionais envolvidos. Entretanto,
por cá seria interessante a reprodu-
ção deste estudo nas universidades
portuguesas. Fica a sugestão.
Bibliografia
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a)
I nterna de Formação Específica de
Medicina Física e de Reabilitação no
Centro Hospitalar do Algarve; Aluna do
Curso de pós-graduação em Medicina
Desportiva da Faculdade de Medicina
do Porto.
Testosterone, cortisol, hGH, and
IGF-1 levels in an Italian female elite
volleyball team 1
Dr. Flávio Silva 2
Interno Medicina Geral e
Familiar. Darque
Resumo e comentário
Nos últimos anos tem havido um
aumento exponencial do interesse pelo
tema das alterações hormonais em
atletas do sexo feminino. Este interesse
tem resultado numa maior quanti-
dade de estudos realizados na área
e, em paralelo, no desenvolvimento
de novos métodos de deteção de
determinadas substâncias proibidas.
O propósito destes recursos laborato-
riais passa por distinguir a alteração
de um valor, que é resultante de uma
adaptação fisiológica causada pelo
treino do atleta, de outro valor que
possa indiciar um consumo ilícito de
uma substância proibida.
O objetivo principal deste estudo
passou por testar a aplicabilidade do
intervalo de valores de referência de
cortisol, testosterona, hormona do
crescimento (hGH) e fator de cresci-
mento insulina-like (IGF-1) da popula-
ção geral feminina saudável em
atletas de elite de voleibol feminino.
Para além disto, como objetivo
secundário foi também estudada a
aplicabilidade do rácio testosterona/
cortisol como uma ferramenta
preditora da síndrome de sobretreino
em mulheres.
No conhecimento científico atual é
sabido que as características do
treino, tais como nível, tipo, duração
e intensidade, para além das caracte-
rísticas individuais do atleta, nomea-
damente sexo, idade, nível de
sedentarismo, composição corporal,
são responsáveis pela magnitude da
libertação de hGH e IGF-1, pelo que
os seus níveis séricos e urinários
tendem a ser diferentes em indiví-
duos treinados e em indivíduos
sedentários. Contudo, os mecanis-
mos que levam a estas adaptações e
respostas não estão ainda elucidados
devido à complexidade do padrão de
secreção hormonal. Nos últimos
anos, de forma a individualizar e
relacionar os resultados, a Agência
Mundial Antidopagem tem elaborado
um programa de monitorização de
alterações hormonais intrínseco a
cada atleta (denominado passaporte
biológico do atleta) que permite, não
só detetar com maior precisão uma
alteração nos valores dos biomarca-
dores, mas também consignar uma
maior independência dos intervalos
de referência padronizados.
O cortisol e a testosterona têm um
papel importante no metabolismo
ao competirem como agonistas nos
recetores musculares. O primeiro é
sobretudo importante na manuten-
ção da homeostasia e na resposta a
fatores desencadeadores de stress,
enquanto o segundo, tal como outros
esteroides androgénicos, aumenta
a performance através de reações
anabólicas. Desta forma, o rácio
testosterona/cortisol tem sido utili-
zado por vários investigadores como
indicador do balanço anabólico/
catabólico e uma ferramenta para
a deteção precoce da síndrome do
sobretreino em homens, tendo sido
raramente aplicado em mulheres.
Relativamente ao desenho, este é
um estudo retrospetivo longitudinal.
Foi realizado com uma amostra de
58 atletas, com colheitas de sangue
em jejum, em quatro momentos, ao
longo da época desportiva, em três
épocas consecutivas. Os intervalos
de valores foram calculados através
de três métodos estatísticos: distri-
buição normal, percentil não-para-
métrico e método de análise robusta.
Para a IGF-1, por ser uma variável
dependente da idade do atleta,
foram usadas funções polinomiais.
Os resultados obtidos foram con-
sistentes em todos os métodos esta-
tísticos aplicados e demonstraram
que no grupo de atletas estudadas
foram encontrados níveis hormonais
significativamente diferentes dos da
população em geral. Para as quatro
hormonas estudadas, os limites
inferiores e superiores dos interva-
los calculados foram maiores nas
atletas quando comparados com os
intervalos de referência da popula-
ção saudável feminina usados na
prática clínica.
Quanto ao padrão de ciclicidade,
ao longo da época os níveis de testos-
terona e cortisol alteraram significa-
tivamente, enquanto os valores de
hGH e IGF-1 se mantiveram constan-
tes. Foram detetados aumentos dos
níveis de testosterona e do cortisol
no início da época, justificados pelo
nível de exigência física neste
período. Com o decorrer da época,
detetou-se diminuição progressiva de
cortisol e diminuição de testoste-
rona, com um novo aumento no final
da época. O rácio testosterona/
cortisol, tal como em estudos prévios
aplicados em homens, decresceu ao
longo da época segundo os níveis
esperados para a carga de treino
exigida, pelo que se concluiu que
esta ferramenta pode também ser
usada para a deteção de síndrome de
sobretreino em mulheres.
Como principais limitações deverá
atentar-se à adaptação dos intervalos
de valores de testosterona obtidos
em função da raça e da idade, pois
neste estudo todas as atletas
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