Revista de Medicina Desportiva Informa Maio 2013 | Page 21

teste que isoladamente estabeleça o diagnóstico, motivo pelo qual têm sido propostas recomendações (Task Force Criteria-TFC) para apoiar o diagnóstico clínico.5 As primeiras TFC foram propostas em 1994, e revistas em 2010, agrupam as manifestações em seis categorias diferentes, classificando as respetivas alterações como major e minor (Figura 3) em função da sua sensibilidade e especificidade. O diagnóstico definitivo exige a presença de 2 critérios major, 1 major e 2 minor ou 4 critérios minor.5 Os critérios atuais (TFC 2010) foram elaborados com base na forma de apresentação clínica mais conhecida da doença, a forma arrítmica. Nas fases iniciais, ou nas formas mais evoluídas, os referidos critérios são menos sensíveis e específicos. Quando suspeitar de MAVD em atletas e qual a eficácia do rastreio médico-desportivo? A MAVD tem sido reconhecida como uma causa importante de MS em atletas jovens. Desde os primeiros relatos da doença em 1988 pelo grupo italiano de Thiene e Corrado até aos registos mais recentes, como o estudo multidisciplinar realizado na América do Norte2, que tem sido descrita uma elevada percentagem de atletas profissionais (34%) ou com atividade desportiva de recreação (36%), sugerindo uma clara relação entre o treino físico e a expressão fenotípica da doença. A penetrância da MAVD é variável e a expressão fenotípica dependente da idade, com um “pico” na fase de crescimento rápido da adolescência. O diagnóstico na fase inicial da doença é difícil, tendo em conta a sua evolução silenciosa. Por outro lado, as modificações morfológicas e funcionais de adaptação ao treino físico, especialmente nas modalidades de endurance, poderão originar fenótipos de sobreposição e difícil distinção com a MAVD (Figura 9) . Sintomas e história familiar A sintomatologia pode ser escassa, muitas vezes inespecífica e não valorizada pelo atleta, não o impedindo de atingir níveis de desempenho elevados. Episódios sincopais, palpitações rápidas, tonturas e dor torácica atípica, especialmente se desencadeadas pelo exercício, devem ser investigadas1. Não deve ser esquecido que cerca de 30% dos doentes com MAVD (sobretudo jovens) são assintomáticos e a MS pode ser a primeira manifestação da doença. A história familiar de doença confirmada (cirurgia, necrópsia ou preenchimento da TFC) em familiares do 1.º grau é um critério major. Por sua vez a história de familiar Diagnóstico de miocardiopatia arritmogénica do VD (MAVD) Miocardiopatia Arritmogénica (Mca) – TFC De 2010 Figura 3 – TFC 2010 – agrupamento das alterações da MAVD em 6 categorias diferentes e respetivas alterações classificadas como major e minor (adaptado de F. Marcus et al Eur Heart J 2010). Revista de Medicina Desportiva informa Maio 2013 · 19