Revista de Medicina Desportiva Informa Maio 2013 | Page 22
Figura 4 – Atleta de 16 anos de idade, caucasiano, assintomático, com história familiar negativa. ECG com ondas T negativas
nas derivações precordiais de V1 a V4. A avaliação subsequente
(Ecocardiograma, ECG de Holter, Prova de Esforço e Potenciais
Tardios) foi normal.
de MS antes dos 35 anos, ou doença
não confirmada em familiares até ao
3.º grau, é um critério minor.
Eletrocardiograma
As alterações do ECG têm sido descritas em mais de 80% dos doentes
com diagnóstico estabelecido de
MAVD, ultrapassando mesmo os 95%
em algumas séries, o que lhe confere
elevada sensibilidade diagnóstica3.
A realização sistemática do ECG
no contexto do exame médico-desportivo é assim um instrumento
fundamental no rastreio de atletas
assintomáticos.
A presença de ondas T negativas
nas derivações precordiais direitas
(duas ou mais derivações contíguas
além de V1), na ausência de bloqueio completo de ramo direito, em
indivíduos com idade superior a 14
anos é considerada pelas TFC 2010
como critério major (Figura 3).
Figura 5 – Atleta de 17 anos, caucasiano, assintomático com
história familiar negativa. ECG com sistoles prematuras
ventriculares com padrão de BCRE (origem no VD). Avaliação subsequente foi normal.
Há que ter em conta que na fase
inicial da doença as alterações do
ECG são menos frequentes e mais
subtis. Por outro lado, a presença de
ondas T negativas nas derivações
precordiais direitas são frequentes
em jovens, especialmente antes dos
14 anos (cerca de 8,4%), designadas
por padrão juvenil, e consideradas
como variante da normalidade. No
período pós-pubertário são menos
frequentes (>14 anos - 1,7% e >16
anos - 0,1%)3, razão pela qual a sua
persistência, e sobretudo o aparecimento “de novo”, deve levantar
a suspeita de patologia miopática
(Figura 4). O envolvimento das
derivações inferiores e V5 e V6
aumenta a especificidade, devendo
igualmente levantar a suspeita de
envolvimento do VE.
A presença de sístoles prematuras
ventriculares (Figura 5) com morfologia de bloqueio completo de ramo
esquerdo, com frequência superior
a 500/24h (critério minor) ou a TV
não mantida (critério major ou minor
em função do eixo elétrico) também
sugerem o diagnóstico.
Outras alterações eletrocardiográficas incluem a baixa voltagem
dos complexos QRS nas derivações
dos membros (I, II e III), o atraso da
ativação terminal (> 55 ms desde o
nadir do S até à linha isoeléctrica)
nas derivações precordiais direitas
(V1-V3) e a onda Epsilon, que embora
pouco sensível, tem especificidade
elevada5.
Avaliação subsequente e
confirmação do diagnóstico
Havendo suspeita diagnóstica, clínica ou eletrocardiográfica segue-se a demonstração de alterações
estruturais, em que a a avaliação
imagiológica não invasiva, quer por
Ecocardiografia, quer por Ressonância Magnética Cardíaca (RMC), têm
papel fundamental. O Eco é o teste
Figura 6 – Ecocardiograma bidimensional: Planos tomográficos para avaliação do VD; apical 4-câmaras modificado (A) paraesternal
/câmara de entrada do VD (B) e curto eixo dos grandes vasos - câmara de saída do VD (C) (ver texto).
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