Revista de Medicina Desportiva Informa Julho 2018 | Page 6
O que andamos a ler
Nesta rúbrica pretendemos dar notícia de
artigos recentes ou que merecem ser (re)lidos e
comentados. Será uma página aberta a todos os
colegas que pretendam colaborar descrevendo
ou comentando temas de medicina desportiva.
Revista Medicina Desportiva informa, 2018; 9(4):4-5. https://doi.org/10.23911/alergia_solar
Prof. Doutor Osvaldo
Correia
Dermatologista
Diretor Clínico do
Centro de Dermatologia
Epidermis, Instituto
CUF, Porto
Professor Afiliado da
Faculdade de Medicina
do Porto
Presidente da Associação
Portuguesa de Cancro
Comentário a um tema
O artigo Sun allergy 1 da Mayo Clinic
alerta-nos nesta altura do ano para
um problema crescente em incidên-
cia e relevante em termos de Saúde
Pública.
Na designação de “alergia solar”
integram-se as chamadas Foto-
dermatoses que são um grupo de
problemas de pele associadas a uma
reação anormal à radiação ultravio-
leta (UV).
Existem várias erupções de fotos-
sensibilidade que afetam principal-
mente as áreas expostas da pele aos
raios UV. Podem ser classificadas em
quatro grupos:
1. f otodermatoses mediadas imuno-
logicamente
• erupção solar polimorfa; erupção
juvenil de primavera; folicu-
lite actínica; prurigo actínico;
urticária solar; dermatite crônica
actínica; hidroa vaciniforme
2. fotossensibilidade induzida por
produtos químicos e medicamentos
3. dermatoses fotoagravadas
• lupus; dermatomiosite; doença de
Darier; rosácea; melasma; líquen
plano (actinicus); porfiria, etc.
4. d
istúrbios genéticos (exemplo:
xeroderma pigmentoso, etc.)
4 julho 2018 www.revdesportiva.pt
É importante efetuar
consulta adequada com
história de evolução do
episódio atual, episódios
prévios similares na
pessoa ou familiares,
uso prévio ou conco-
mitante de medicação
oral ou tópica que possa
ser fotossensibilizante,
passagem por locais
em que houve contacto
com certas plantas
(por exemplo contato
com figueira ou lima).
Além do exame físico
completo, pode haver
necessidade de efetuar
exames laboratoriais
para identificação de
doenças autoimunes,
fototestes, incluíndo
fotopatch.
É essencial averiguar
medicação oral poten-
cialmente fotossensi-
bilizante. Os fármacos
mais incriminados são
os anti-inflamatórios,
destacando-se o piro-
xicam e análogos, mas
também antibióticos,
sobretudo tetraciclinas
e quinolonas, medica-
mentos cardiovasculares
(tiazidas, amiodarona,
entre outros) e do foro
neuropsiquiátrico.
No tratamento do
episódio agudo pode
ser necessário usar
corticoides tópicos, de
forma transitória (dias),
2 vezes por dia, nos locais de alergia,
ou loções calmantes, por exemplo,
de calamina ou aloé vera (evitando
a sobre exposição desta área ao
Sol). Por vezes é necessário, além de
medicação oral anti-histamínica, um
ciclo curto de corticoides sistémicos.
Na abordagem terapêutica pre-
ventiva a fotoproteção adequada é
essencial. Sugere-se o uso de roupa
adequada com textura não porosa,
design que proteja o decote, braços
e antebraços, e o chapéu, ideal-
mente de abas largas e que proteja
o pescoço, bem como a utilização de
óculos escuros com proteção UVB e
UVA a 100%. É essencial o uso nas
áreas expostas de protetores solares
de SPF elevado, SPF 50+, sob a forma