Revista de Medicina Desportiva Informa Julho 2018 | Page 25

ósseas , desvios axiais até à completa paragem de crescimento do membro atingido todas podem acontecer . Daí o conselho de alertar imediatamente os pais para essa possibilidade .
Dra . Joana Santos Costa . Medicina Física e de Reabilitação , Coimbra
Particularidades fisiológicas e do esqueleto imaturo
“ As crianças não são adultos em miniatura .” Existem diferenças significativas na anatomia e na fisiologia do esqueleto e múltiplas alterações inerentes ao crescimento ósseo e à maturação que se traduzem também em diferenças na forma como o esqueleto responde à lesão . Os ossos têm maior elasticidade , o que significa que em resposta a uma força compressiva o osso se pode deformar sem fraturar ( plastic deformation ) ou apresentar uma fratura incompleta no ápex da curva de deformação ( buckle fracture ), padrões de lesão raros nos adultos . Também a porosidade está aumentada no osso imaturo ,
causando menor propagação da fratura e baixa incidência de fraturas cominutivas . O periósteo , por sua vez , é mais espesso e resistente , o que aumenta a estabilidade do esqueleto , mas confere menor capacidade de resistir à deformação angular . Como se destaca mais facilmente do osso , podem mesmo ocorrer lesões da cortical com integridade do periósteo . A epífise e a metáfise estão unidas internamente pelos processos mamilares e externamente pelo periósteo , ambos com elevada resistência . Este tipo de união permite a existência de forças translacionais microscópicas e confere uma flexibilidade relativa . No entanto , como os ligamentos são mais resistentes que o osso , forças externas que tipicamente causariam entorses / luxações no adulto causam frequentemente lesões da placa de crescimento na criança , sendo as lesões ligamentares isoladas raras antes dos 14 anos . Em alguns ossos , a fise pode crescer até cinco vezes mais rapidamente do que a cartilagem articular adjacente , o que se pode traduzir em maior acentuação dos desvios em varo e valgo . Nas crianças , o elevado metabolismo , o remodeling ósseo rápido , canais de Havers mais largos
e o elevado potencial osteogénico do periósteo , garantem uma grande capacidade de regeneração pós- -lesional e uma consolidação óssea rápida . A atividade física promove adaptações benéficas no esqueleto , sem alterar o processo de maturação ou crescimento . Em especial o período pré-pubertário constitui uma fase de grande potencial osteotrófico , com efeito de maximização do pico de massa ósseo . No entanto , na fase de crescimento linear , o desequilíbrio entre força e flexibilidade e as alterações biomecânicas do osso , com aumento progressivo da rigidez e diminuição da resistência ao impacto , predispõe a lesões de sobrecarga . Sobretudo nesta fase , lesões desportivas com afeção da placa de crescimento podem resultar em dismetrias dos membros , deformidades angulares permanentes e alterações da biomecânica articular , com incapacidade a longo prazo . Importa , por isso , em qualquer atividade físico-recreativa ou desportiva , integrar todos estes conceitos fisiopatológicos e respeitar o estatuto maturacional da criança e do adolescente , a fim de não comprometer o seu desenvolvimento ósseo e o seu futuro físico e desportivo .
TECNOLOGIA
DE ADAPTAÇÃO ATIVA
DESIGN LIGEIRO E DISCRETO
ADAPTAÇÃO ANATÓMICA
DESIGN ERGONÓMICO
PLACA ALUMINIO / Dorsotech ®
Revista de Medicina Desportiva informa julho 2018 · 23 www . interorto . pt