Revista de Medicina Desportiva Informa Julho 2018 | Page 19

de desporto , pelo que o nível de atividade que deve ser permitido aos pacientes com estes implantes e o momento ideal para retomar a prática desportiva de modo a não comprometer a duração da prótese permanecem por esclarecer 3 , 5 . Este assunto é de particular importância nos desportistas de competição , nos quais se pretende um rápido regresso à prática desportiva . De preferência no mesmo nível funcional prévio ao desenvolvimento da lesão . O facto de na maior parte das vezes as próteses discais serem aplicadas em indivíduos com idade jovem , que provavelmente vão continuar a prática desportiva e consequentes cargas sobre a prótese discal durante vários anos , pode colocar em risco a integridade da artroplastia , no entanto estes dados permanecem por comprovar 5 .
Siepe CJ et al . 3 estudaram prospetivamente 39 praticantes de vários desportos ( idade média 39.8 e intervalo 26.2-58 anos ) submetidos a artroplastia discal lombar ( Figura 3 ), com tempo médio de seguimento de 26.3 meses ( intervalo 9-50.7 meses ). Verificaram melhoria sintomática significativa em todos os pacientes ( diminuição média de 5.7 na escala visual da dor e diminuição de 30 % no Oswestry Disability Index ). As artroplastias foram monosegmentares em 92.3 % da amostra e as restantes bisegmentares , sendo que os níveis mais afetados foram L4-L5 e L5-S1 . Os critérios de inclusão foram preencher mais do que um dos seguintes requisitos : frequência de prática desportiva igual ou superior a duas vezes por semana no pré ou no pós-operatório , participação
Figura 3 – Artroplastia discal lombar : Imagem esquemática e radiografia em incidência de perfil da coluna lombar .
em desportos de contacto ou de elevado impacto , atletas profissionais ou semelhantes . Como tal , a amostra final integrou praticantes de vários desportos com vários níveis de atividade , desde recreativos a profissionais . O regresso à prática desportiva verificou-se em 95 % dos atletas e ocorreu nos primeiros três meses em 38.5 % e entre os 3 e 6 meses em 30.7 % da amostra , com o máximo de desempenho desportivo a ser atingido após tempo médio de 5.2 meses após a cirurgia . Cerca de 85 % da amostra melhorou significativamente o seu desempenho desportivo , no entanto , verificou- -se diminuição do nível de atividade desportiva em 8 %. No geral , a frequência de prática desportiva média aumentou 94 %, de 1.7 vezes por semana no pré-operatório para 3.3 vezes no pós-operatório . Os autores identificaram que 30 % da amostra desenvolveu subsidência do implante , definida como uma migração minor da prótese ( inferior a 5mm ), com manutenção da sua função , e que esta ocorreu sempre nos primeiros 3 meses após a sua aplicação . Em apenas um destes pacientes se verificou evolução da migração , mas sem compromisso funcional da prótese . Os autores não consideram que os níveis de subsidência verificados estejam relacionados com a atividade desportiva , na medida em que outros estudos em não atletas demonstraram índices de subsidência semelhantes 48 . Não foram identificados quaisquer sinais radiográficos de desgaste do disco artificial .
Tumialán LM et al . 5 estudaram retrospetivamente militares , todos indivíduos com uma atividade física exigente , muitas vezes de elevado impacto e causadora de stress axial e rotacional importante sobre a coluna vertebral . Foram analisados 12 militares submetidos a artroplastia discal cervical nos níveis C5-C6
( n = 8 ) e C6-C7 ( n = 4 ) e verificaram que todos eles voltaram ao mesmo nível de atividade física prévio num tempo médio de 10.3 semanas ( intervalo 7-13 semanas ). Ao comparem com pacientes submetidos a artrodese cervical , verificaram que nestes o tempo de recuperação foi 16.5 semanas , o que constitui uma diferença estatisticamente significativa ( p = 0.008 ). Foram também identificados 12 militares submetidos a artroplastia discal lombar nos níveis L4-L5 ( n = 5 ) e L5-S1 ( n = 7 ) e destes , 83 % ( n = 10 ) voltaram ao nível de atividade prévia , num tempo médio de 22.6 semanas . Um dos pacientes abandonou a atividade militar por sintomas persistentes , enquanto o outro voltou à atividade física mas com limitações . Comparando com o grupo de artrodese lombar , nestes apenas 67 % voltaram ao nível de atividade prévio , num tempo médio de 32.4 semanas , não se verificando diferença estatisticamente significativa ( p = 0.156 ). Em termos de complicações nas artroplastias discais , um dos pacientes com prótese discal cervical desenvolveu osteólise com necessidade de remoção do implante e conversão para artrodese intersomática , enquanto outro com prótese discal lombar desenvolveu uma radiculopatia de S1 , com necessidade de cirurgia de descompressão . Os tempos médios de seguimento foram de apenas 12.2 meses para a artroplastia cervical e de 10.7 meses para a artroplastia lombar . Os autores concluíram que a artroplastia discal e a artrodese intersomática têm resultados semelhantes , sendo que estes dois grupos apenas se tornam funcionalmente equivalentes aos 6 meses para a coluna cervical e aos 9 meses de pós-operatório para a coluna lombar . Os pacientes submetidos a artroplastias discais lombares demoram aproximadamente o dobro do tempo no regresso à atividade física sem limitações em comparação com as artroplastias cervicais , o que se deve provavelmente à maior agressividade da via anterior da coluna lombar e ao maior suporte de cargas pela charneira lombo-sagrada . O tempo de recuperação é mais rápido para a artroplastia discal em comparação com a artrodese , no entanto os autores afirmam que estes resultados
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