Revista de Medicina Desportiva Informa Julho 2013 | Page 15

cardiovascular ( MSC ). Constatou- -se que estes ocorriam sobretudo em indíviduos assintomáticos , com cardiopatia estrutural ou canalopatias detetáveis através de ECG e que estas mortes poderiam ser evitadas pela limitação / suspensão da atividade desportiva e através da adoção de medidas terapêuticas 7 , 8 . Baggish e col demonstraram que a adição do ECG ao algoritmo diagnóstico permitia aumentar imenso a sensibilidade na deteção destas patologias 9 e um estudo prospetivo italiano demonstrou a diminuição de quase 90 % na incidência anual de MSC após adoção do ECG 8 .
Nos EUA não existem leis nacionais que regulem o EMD . Cada Estado , e em última análise cada instituição , podem criar os seus próprios modelos de EMD , seguindo habitualmente as recomendações de importantes organizações médicas , como a American Heart Association ( AHA ) e o ACSM . A dimensão da população que é rastreada todos os anos é difícil de imaginar à escala europeia . Estimativas apontam para que só no ensino básico e secundário sejam 10 milhões de jovens atletas que todos os anos fazem o EMD . Não existe atualmente estrutura que seja capaz de lidar com tal número , o que ajuda a explicar o facto de o EMD ser feito , em alguns Estados , por profissionais de saúde não-médicos , desde enfermeiros a quiropratas e naturopatas . Ao contrário do que acontece na Europa , a utilização do ECG não está preconizada nas guidelines de importantes organizações americanas . A AHA , por exemplo , advogava em 2007 que o montante necessário para adicionar o ECG a um programa de tão larga dimensão seria incomportável e avança , a propósito da razão custo / eficácia , que seria necessário gastar 3 , 4 milhões de dólares para salvar uma vida 10 . Este paradigma parece estar a mudar . A formação de um grupo de trabalho que , entre outros aspetos , visa determinar o valor adicional do ECG para o EMD 11 , e o número crescente de trabalhos que provam que o número de falsos-positivos é bem menor com a utilização das novas regras de interpretação de ECG , para isso contribuem 12 . Neste contexto importa ainda referir que a European Society of Cardiology e a AHA publicaram em 2005 a atualização das suas recomendações no que diz respeito aos critérios de eligibilidade e desqualificação de atletas com patologia cardiovascular 13 .
O recente aumento do número de indivíduos com idade superior a 35 anos envolvidos em atividade desportiva tem levado os investigadores a refletir acerca do papel que o EMD pode ter nesta população 6 .
Conclusão
Na Lei de Bases da Atividade Física e do Desporto , publicada em 2007 , constava que “ o acesso à prática desportiva , no âmbito das federações desportivas , depende de prova bastante da aptidão física do praticante , a certificar através de exame médico que declare a inexistência de quaisquer contra-indicações , a regulamentar em legislação complementar ”. É importante que a sociedade perceba que não é apenas o atleta federado ou de alta competição que deve ser avaliado . Existem riscos específicos associados ao exercicio físico em idosos , crianças e indivíduos de meia-idade que devem ser cautelados . Compete ao médico , sobretudo àquele com formação na área , fazer com que esta mensagem chegue à sociedade e partir dessa base para concretizar o fim último da Medicina Desportiva : defender a saúde dos praticantes .
Agradecimentos
Dra . Natália Noronha , Dr . José Ramos
Bibliografia
1 . Fletcher G , Balady G , Blair S , et al . Statement on exercise : benefits and recommendations for physical activity programs for all Americans . Circulation . 1996 : 94 : pp . 857 – 862 .
2 . Maron B . The paradox of exercise . N Engl J Med . 2000 : 343 : pp . 1409 – 1411 .
3 . ( http :// www . revdesportiva . pt / files / Historia _ da _ Medicina _ Desportiva _ 2 . pdf ) 4 . ( http :// www . fims . org / en / general / about-fims /) 5 . Ramos J . O Exame médico-desportivo . Rev
Medic Desp informa . 2010 : 1 ( 4 ): pp . 16 – 18 .
6 . Corrado D , Schmied C , Basso C , et al . Risk of sports : do we need a pre-participation screening for competitive and leisure athletes ? European Heart Journal . 2011 : 32 : pp . 934 – 944 .
Restante Bibliografia em www . revdesportiva . pt
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