Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2020 | Page 15
Uma atleta depois de operada
referiu que inicialmente parecia ter
“uma corrente de ar” no nariz? O
que significa isto?
Significa que está a ter respiração
nasal, que é a respiração fisiológica.
O nariz filtra, humidifica e aquece
cerca de 20 mil litros de ar por dia.
Depois de operado, o atleta
melhora o seu rendimento físico?
Sim. A respiração nasal prepara o
ar para as trocas pulmonares muito
mais eficazmente que a respiração
bucal e o cansaço físico é mais tar-
dio. A qualidade de sono também é
melhor e a consequente recuperação
física mais rápida.
E o pós-operatório? Quanto tempo
de paragem, quando pode começar
a treinar e a competir?
O exercício físico, sobretudo o iso-
métrico, leva a alterações da pressão
intranasal e pode comprometer a
recuperação nasal, pelo que não é
aconselhável a prática de exercício
físico antes das três a quatro sema-
nas para o atleta federado após a
cirurgia.
Epistaxes
Sangrar pelo nariz é um sinal
frequente e que poderá ter várias
causas. O revestimento interior do
nariz contém muitos vasos san-
guíneos que poderão com alguma
facilidade sangrar. São muitas as
causas de sangramento pelo nariz:
respirar ar seco, meter o dedo
no nariz, sinusite aguda, uso de
medicação anticoagulante, con-
sumo de drogas, corpos estranhos,
alterações da coagulação e trauma
nasal, entre outras. Há situações
que requerem cuidados médicos
urgentes, nomeadamente quando
existe trauma, quando a hemor-
ragia é muito abundante, interfere
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Na face o nariz é o local onde
ocorre com mais frequência fra-
tura, da parte óssea ou da cartila-
gem, a necessitar de tratamento
cirúrgico. A dor e a hemorragia
(epistáxis) são os aspetos clínicos
imediatos, enquanto a deforma-
ção poderá ser novo ou ser pré-
-existente. O regresso à competição
é um dos aspetos que deve ser
considerado após a cirurgia do
septo nasal e, naturalmente, o tipo
de cirurgia deve ser considerado.
Também o tipo de desporto deve
ser considerado, sendo que naque-
les com contacto a preocupação
deverá ser maior. Contudo, nem
sempre há necessidade de cirurgia
imediata, a qual poderá ser adiada
para momento (desportivo) mais
adequado para correção estética e/
ou funcional.
Inicialmente, após a cirurgia
existe o risco de hemorragia, pelo
que os cuidados devem ser redo-
brados. Na literatura lê-se que
o atleta com tamponamento ou
com tala não deve voltar até que
tenham sido removidos, geral-
mente 3 a 7 dias em relação ao
tamponamento e 7 a 10 dias para
a tala. Já a utilização de maior pro-
teção, uma máscara feita à medida
com a respiração, é de longa
duração mesmo com a compressão
(refere-se os 30 minutos) ou ocorre
em crianças pequenas. Os cuidados
imediatos são simples: em pé (ou
sentado), inclinar-se para a frente,
não só para diminuir a pressão
arterial nasal como evitar a aspi-
ração do sangue para a via aérea;
assoar suavemente o nariz, insu-
flar um descongestionante nasal
e depois fazer compressão lateral
com polegar e dedo indicador e res-
pirar pela boca. Nos casos em que a
hemorragia é mais superior, o tam-
ponamento anterior no local poderá
ser necessário. No contexto des-
portivo, evitar que o equipamento
seja contaminado com sangue, pois
após a realização de um molde
facial, poderá permitir o regresso
em 1-2 semanas e mantê-la por
algumas semanas, por vezes até
oito. Outros autores referem que
no desporto sem contacto o atleta
não poderá ser impedido de voltar
após as duas semanas. Contudo,
recorde-se que no adulto saudá-
vel a fratura demora cerca de três
semanas a consolidar, pelo que o
atleta deveria evitar os desportos
de contacto durante este período,
refere o Dr. Mark Fulcher (foto),
um distinto médico
neozelandês da
FIFA. E refere mais:
“o jogador que
apresenta uma
lesão nasal teve um
traumatismo na face. É importante
considerar se existe lesão asso-
ciada, como concussão cerebral,
traumatismo cervical ou outra
fratura facial”. BR
Bibliografia
1. Allyson S Howe. Craniomaxillofacial
Injuries. The Sports Medicine Resource
Manual, 2008.
2. Samuel J Haraldson et al. Nasal Frac-
ture Follow-up. Medscape. Updated: Dec
06, 2018.
3. Mark Fulcher. FIFA Medical network. FIFA
medical Course.
obriga à sua substituição e nem
sempre poderá haver. Entretanto,
não esquecer de usar luvas para os
procedimentos. BR
Ref. https://www.mayoclinic.org/symp-
toms/nosebleeds/basics/when-to-see-
-doctor/sym-20050914
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