Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2020 | Page 14

Rev. Medicina Desportiva informa, 2020; 11(1):12-13. https://doi.org/10.23911/desvio_septo_2020_1 Desvio do Septo e Desporto Antes da consulta com o especialista, há algum modo de saber se existe desvio do septo? Dra. Carmo Miguéis Assistente Graduada de ORL do CHUC; Assistente de ORL da FMUC. Coimbra O que é o desvio do septo nasal? Esquema simplificado do septo nasal, sem e com desvio Ref. https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e- -sintomas/desvio-de-septo/ O septo nasal é uma estru- tura formada por cartilagem na sua porção mais anterior e osso na porção posterior. O septo constitui a parede interna das duas cavi- dades nasais existentes no centro da face. Qualquer deformação da parte cartilagínea ou óssea ou a não inserção do septo na linha mediana podem levar a desvio do septo, que na maior parte das vezes não causa obstrução nasal. O septo é recoberto por uma mucosa que também cobre toda a restante fossa nasal. O nariz tem um papel importante na respi- ração, preparando idealmente o ar para as trocas pulmonares, e possui função imunitária. O nariz tem também uma terceira função, que é a olfativa. A respiração nasal é a respiração fisiológica. Um atleta que tem res- piração bucal ou inicia este tipo de respiração no decurso do exercício físico «cedo demais», que dorme mal e tem um sono não reparador, que tem dores de cabeça ou na face, que por vezes sangra do nariz, sofre de certeza de obstrução nasal, sendo o desvio do septo uma das causas da obstrução nasal. Muitas vezes o desvio do septo (parte funcional) acompanha-se de desvio da pirâ- mide nasal (parte estética – nariz exterior), mas só o exame por ORL, com história clínica, realização de rinoscopia com fibras óticas, exame de imagem e, por vezes, rinometria permitem o diagnóstico final e a pro- posta ou não de septoplastia. Sim. É o chamado ciclo nasal que consiste na hipertrofia da mucosa respiratória alternadamente em cada fossa nasal. Esta autorregula- ção dura três a quatro horas e deve- -se à inervação dos vasos da mucosa nasal (parassimpático vasodilatação, simpático vasoconstrição). Assim, alternadamente aumenta a resistên- cia numa fossa nasal e diminui na outra. Por vezes as alterações anatómicas, como o desvio do septo, podem com- prometer a drenagem nasosinusal e levar ao aparecimento de rinosinu- site, com agudizações frequentes. 12 janeiro 2020 www.revdesportiva.pt Sim. Obstrução/congestão, rinorreia, hemorragias nasais, roncopatia, alterações do olfato, dores na face ou cefaleias podem surgir quando há desvio do septo. Qual é a causa? Trauma, congénito…? O desvio congénito depende da genética de cada um e vai-se mani- festando até parar o crescimento da face. Quanto ao desvio traumático, pode surgir logo no parto, sendo que é frequente a luxação do pé do septo que leva secundariamente ao desvio, nem sempre obstrutivo do mesmo. Depois, os desportos de contacto e os acidentes domésticos e de viação são também causa frequente de desvio do septo traumático. Ouve-se dizer que o ar entra alternadamente em cada narina. É verdade? Para além da obstrução de uma narina, pode ter consequências sobre os seios nasais? Desvio do septo obstrutivo Epistaxes, sinusite, ressonar ou cefaleias podem ser causadas por este desvio? Desvio de septo traumático Há tratamento médico ou a cirurgia é sempre necessária? Apenas a cirurgia corrige o desvio do septo obstrutivo que pode limitar o rendimento do atleta. Não nos pode- mos esquecer que a maior parte dos desportos leva ao aparecimento ou agravamento da rinite, que também pode contribuir para a obstrução nasal, essa sim pode ser controlada com terapêutica médica.